3 Maneiras de Combater a Amargura no Casamento

by @prflavionunes

A maioria de nós conhece a história do cavalo de Tróia. Por 10 anos, os guerreiros da Grécia antiga sitiaram a cidade de Tróia, mas os defensores obstinados resistiram aos avanços dos gregos. Finalmente, a Grécia desistiu de ataques frontais e recorreu ao subterfúgio. Construiram um grande cavalo de madeira, inseriram soldados no interior e se retiraram.

Convencidos de que os sitiantes haviam desistido, e curiosos sobre o cavalo, os homens de Troia arrastaram a grande estátua para a cidade e foram dormir. Naquela noite, os gregos emergiram de dentro do cavalo e derrotaram Tróia por dentro.

Satanás inseriu um cavalo de Tróia em nossos casamentos. O que ele não pode realizar com os ataques frontais de adultério, estresse financeiro ou brigas sobre a familia do cônjuge , ele consegue com esta insidiosa arma oculta. E, tal como os cidadãos de Tróia, a maioria de nós não leva isto a sério até que tal arma tenha feito seu trabalho mortal.

O escritor de Hebreus dá nome a esta arma oculta: a “raiz de amargura”.

…atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados (Hb 12.15)

A raiz de amargura é poderosa. Ela contaminará seu casamento e também seu relacionamento com Deus.

Contaminado Nossos Relacionamentos

Casais sábios temem o poder que a amargura tem para murchar o afeto, estrangular a intimidade e sufocar a alegria. Quando alguém diz: “Simplesmente não amo mais minha esposa”, a amargura não resolvida costuma ser a culpada.

Nos agitados anos em que nossos cinco filhos eram pequenos, minha esposa e eu fomos a um retiro para casais. Necessitávamos de tempo a sós. No entanto, Judy estava tão agitada com as pressões de criar nossos filhos que tinha pouca energia emocional para mim. Voltei para casa nutrindo ressentimento. Depois de alguns dias, reconheci o problema, decidi perdoar e comecei a procurar maneiras de servi-la. O ressentimento afastou temporariamente dois amantes, contudo Deus graciosamente interveio.

A amargura insistente, sem arrependimento, pode virar uma bola de neve espiritual, cada vez maior à medida que rola ladeira abaixo. Se não for resistida, acabará se tornando uma avalanche, esmagando tudo em seu caminho. Uma esposa critica seu marido; em vez de ouvir, ele nutre ressentimento. Ele não perdoa e outros ressentimentos se acumulam e o alheiamento se torna cada vez mais amplo. Um marido repetidamente deixa de avisar sua esposa que vai chegar tarde em casa; ela nutre o ressentimento. Outras queixas se acumulam e três anos depois estão dormindo em quartos separados.

A recusa a perdoar também contaminará nosso relacionamento com Deus. Jesus nos deu um forte aviso:

Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. (Mt 6.14-15)

Os casais liderados pelo Espírito de Deus levam este ensino a sério. Há momentos em que Judy e eu nos perdoamos a contragosto — isto é, não porque queríamos no momento, mas porque tememos desagradar a Deus.

Existem três maneiras pelas quais podemos combater a amargura em nossos casamentos.

1. Desenvolva a habilidade de ver nosso próprio pecado através dos olhos de Deus.

A principal arma nesta luta é a habilidade de enxergar o meu próprio pecado, não o do meu cônjuge. Nossa disposição para perdoar será proporcional à nossa capacidade de enxergar a montanha de pecados e ofensas das quais Cristo nos perdoou — a um custo infinito para Ele mesmo.

Por muitos anos, não levava meus pecados contra Deus a sério, porém era severo em relação aos pecados da minha esposa contra mim. Não enxergava meu pecado da maneira como Deus o enxergava, portanto não enxergava por que deveria perdoar. Então, depois de 14 anos de casamento, comecei a ler os sermões de Jonathan Edwards. Edwards me ajudou a ver a santidade de Deus e a enormidade do meu pecado pessoal. Quando vi o monte Everest que eram os pecados pelos quais Deus havia me perdoado, entendi que, ainda que minha esposa me rejeitasse completamente, seu pecado seria uma pequena colina em comparação. Como poderia eu deliberadamente, ressentir-me de minha esposa, quando suas ofensas contra mim eram tão pequenas em comparação? A cegueira em relação à enormidade do meu pecado era responsável por minha recusa em perdoar.

O orgulho é a raiz de muita amargura. O orgulho me faz ver meu próprio pecado com zoom de 1x e o do meu cônjuge com um zoom de 1000x. Este tipo de justiça própria é mortal para o casamento. Ele desmotiva o perdão.

“Você não entende o que minha esposa fez comigo.” Realmente, nāo entendo. Porém se Deus exigisse o mesmo padrão de justiça que você exige do seu cônjuge, você passaria a eternidade no inferno. Os cristãos perdoam porque Deus os perdoou primeiro. No final das contas, o perdão de Cristo, garantido a nós na cruz — a um custo infinito para Ele mesmo — nos permite perdoar. O perdão é um ato sobrenatural, e nunca estamos agindo mais como Deus do que quando perdoamos outra pessoa de coração.

2. Entenda que o perdão é uma decisão.

Esta segunda arma pode ser mais difícil. Quem perdoa entende o lugar dos sentimentos. Demasiadas vezes perdoamos e perdoamos, contudo a dor não desaparece. Ainda está à flor da pele, a ferida ainda aberta, a dor ainda lateja.

Entretanto o perdão é uma decisão e não um sentimento. Não podemos controlar nossos sentimentos, mas podemos controlar nossas decisões. Tudo o que Deus pede é que repetidamente e persistentemente desejemos perdoar.

3. Esteja determinado a persistir até que os sentimentos se alinhem.

A arma final contra a amargura requer perseverança guiada pela graça.

Quando Pedro perguntou a Jesus se ele deveria perdoar seu inimigo sete vezes, Jesus respondeu: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” (Mt 18.21-22). “Setenta vezes sete” é um simbolismo bíblico para persistência sem fim. Em outras palavras, perdoe, perdoe e nunca pare de perdoar. Há diversos momentos em cada casamento piedoso, quando os cônjuges necessitam se perdoar repetidamente, até que o solvente da misericórdia de Deus dissolva a mágoa que arruinou sua intimidade.

Por Amor dEle

Não seja como os cidadãos da antiga Tróia. A vitória que a Grécia não conseguiu com o ataque frontal, eles conquistaram através do engano. O maligno tentará o mesmo conosco. Ele assassinará sua intimidade conjugal com a arma secreta da amargura.

Portanto, seja rápido em pedir perdão ou perdoar. Abra mão do seu direito de vingança, e acima de tudo, mantenha seus olhos na cruz. Perdoe agressivamente por amor de Jesus. Perdoe repetidamente, e a raiz de amargura não contaminará sua alegria conjugal.

Traduzido por Mauro Abner.

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