7 fatos que podem definir a eleição dos EUA

by @prflavionunes

Alguns poucos milhares de votos na Geórgia podem levar a eleição americana à Justiça. A rejeição do eleitorado negro e urbano faz do conservador Arizona o estado mais surpreendente da eleição de 2020. Na Carolina do Norte, ter covid-19 definitivamente não pegou bem para o presidente Donald Trump.

Os EUA tem mais de 230 milhões de eleitores aptos a votar neste ano, e um em cada quatro deles já foi às urnas. Mas a verdade é que, a menos de duas semanas do fim das eleições, são somente alguns lugares e alguns pequenos grupos de eleitores que vão decidir de fato quem vai comandar a maior economia do planeta — e podendo mudar os rumos do mundo todo, incluindo do Brasil.

Nos últimos dois meses, a Exame Research, casa de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública, rodaram uma série de pesquisas eleitorais nos principais estados da eleição de 2020.

Pelas pesquisas nacionais, Biden está cerca de oito pontos à frente de Trump. Na prática, devido ao modelo eleitoral americano, a disputa é muito mais apertada do que parece. Pelas pesquisas nos estados, Biden ganharia com 277 votos dos 538 do colégio eleitoral.

1 – Flórida: daí sai o vencedor

Não é à toa que ganhar na Flórida é importante: quem ganhou no estado também venceu a eleição presidencial desde 1964 (a única exceção foi em 1992). Com mais de 21 milhões de habitantes e um reduto latino nos EUA, incluindo a maior comunidade brasileira no país, o estado da Disney tem sido palco de eleições acirradas, com menos de 1% de vantagem para o vencedor. É também o terceiro estado com mais votos no colégio eleitoral, atrás de Califórnia e Texas.

Na pesquisa feita na Flórida pela Exame Research, em setembro, Biden tinha um ponto percentual de vantagem. Um mês depois, na média compilada pelo FiveThirtyEight, o democrata está 2,5 pontos à frente de Trump, ainda dentro da margem de erro. O vencedor é incerto, e outra eleição de 1% de vantagem para o vencedor se desenha.

2 – Michigan: o polo industrial

Há quatro anos, no último pleito presidencial, a candidata democrata Hillary Clinton teve uma derrota particularmente dolorida para Donald Trump: no Michigan, que fica na congelante região dos Grandes Lagos no norte dos Estados Unidos. Trump venceu por pouco menos de 11.000 votos entre os 4 milhões de votantes. Foi a primeira democrata a perder no Michigan desde 1988, uma derrota que até hoje muitos classificam como divisora de águas para a vitória de Trump em 2016.

Lar de Detroit e de uma região industrial que decaiu junto com a indústria americana, os eleitores do Michigan foram fisgados pelas promessas de Trump de trazer novas fábricas aos EUA. Na sondagem Exame/IDEIA em setembro, Biden vencia com oito pontos de vantagem, de 51% a 43% de Trump. Os cerca de oito pontos se mantêm até hoje na média das pesquisas feitas depois.

3 – Wisconsin: discórdia nas pesquisas

Apesar de sua pequena população, com cerca de 6 milhões de habitantes, Wisconsin virou um centro de discórdia sobre as pesquisas nos EUA. Em 2016, Trump venceu no estado sem que nenhuma pesquisa relevante tivesse previsto sua vitória. A liderança foi apertada, de 0,7 ponto percentual, mas deixou marcas até hoje. Desta vez, as pesquisas também mostram Biden vencendo.

Na pesquisa Exame/IDEIA do fim de setembro, Biden apareceu vencendo com oito pontos de vantagem. Um mês depois, segue com quase sete pontos na média. “O democrata tem uma vantagem bem consolidada no Wisconsin. O partido já conseguiu retomar o governo do estado. Tudo indica que Biden ganhará o Wisconsin de volta”, diz Maurício Moura, fundador do IDEIA.

4 – Geórgia: candidata a confusão

A Geórgia é o estado “candidato a confusão” nas eleições deste ano — um dos que podem levar o pleito à Justiça. Com menos de 11 milhões de habitantes e vizinha da Flórida, a Geórgia é historicamente mais inclinada a votar nos republicanos. Mas vem se tornando um estado cada vez mais em disputa, devido à crescente importância do eleitorado negro e à rejeição de Trump entra essa fatia da população, que pode ser decisiva.

Na sondagem Exame/IDEIA em setembro, Biden e Trump apareceram empatados com 46% dos votos cada, disputando com unhas e dentes os 8% indecisos. Pouca coisa mudou desde então: Biden tem só 0,4 ponto de vantagem na média das pesquisas recentes. “O quadro na Geórgia é completamente indefinido”, diz Moura. Cada voto vai importar na Geórgia, e cada um deles será igualmente questionado.

5 – Carolina do Norte: a covid pegou mal

Os pouco mais de 10 milhões de habitantes da Carolina do Norte, ao sul da costa leste americana, mostra os potenciais impactos de Trump ter pego covid-19. A pesquisa Exame/IDEIA feita dias depois do diagnóstico do presidente mostrou que 5% dos eleitores desistiu de votar em Trump depois que ele pegou covid e chegou a ser internado. As declarações do presidente minimizando a doença após sair do hospital — não levando em conta o fato de ter sido atendido com a melhor estrutura de saúde dos EUA — podem ter pegado mal para Trump, sobretudo entre eleitores menos fiéis.

“Esses que mudaram de ideia parecem poucos, mas são milhares de votos, o que pode ser decisivo em um estado com votação tão apertada quanto a Carolina do Norte”, diz Moura. Em pesquisa em outubro, Biden apareceu vencendo Trump por 49% a 47% (configurando empate técnico). Hoje, na média das pesquisas, segue com liderança parecida, de três pontos.

6 – Arizona: a surpresa de 2020

O Arizona caminha para ser o estado mais surpreendente desta eleição de 2020. O estado de pouco mais de 7 milhões de habitantes não deveria estar na lista de estados para se prestar atenção: afinal, desde Bill Clinton em 1996 um democrata não ganha por lá. Mas o estado deixou de ser espaço seguro republicano neste ano.

Pesquisa Exame/IDEIA em outubro mostrou Biden ligeiramente à frente, com dois pontos. Na média das últimas semanas, o democrata segue com 2,6 pontos. Para Trump, a boa notícia é que há mais indecisos entre os homens, brancos e que vivem na zona rural, grupos que apoiam mais o presidente. O Arizona é também um dos cinco estados americanos com mais votos de latinos, grupo no qual a rejeição a Trump tem crescido.

7 – Pensilvânia: os resultados atrasados

Antes de Trump, a Pensilvânia vinha seguidamente votando nos democratas. Em 2016, contudo, o presidente conseguiu vencer Hillary Clinton por lá. Neste ano, Joe Biden voltou a liderar com folga nas pesquisas. Em pesquisa Exame/IDEIA feita na semana passada, Biden aparece com seis pontos de vantagem (51% a 45%, e 4% de indecisos). Mas a Pensilvânia será um dos estados onde o voto pelo correio será observado atentamente — e pode fazer o resultado da eleição não sair na noite de 3 de novembro.

“Na Pensilvânia a disputa está nos subúrbios, onde os candidatos se equilibram, empatados na margem de erro [48% a 45% para Biden]. Muita gente lá também vai votar pelo correio. Esse dois fatores colaboram para que o resultado da votação não saia já no dia 3”, explica Maurício Moura.

Fonte: Exame

Pr. Flávio Nunes

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