Amapá enfrenta quarto dia seguido de apagão e ministro fala em dez dias para retomada total

by @prflavionunes

Desde a noite da última terça-feira, 3 de novembro, 13 das 16 cidades do Estado do Amapá sofrem com um apagão por conta de um incêndio na Subestação de Macapá, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A falta de energia, que já dura mais de 60 horas, impacta nas necessidades básicas de 90% da população, inclusive da capital amapaense e toda a região metropolitana, e obrigou o Governo estadual a declarar estado de emergência. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, prometeu 100% da energia retomada no Estado em até 10 dias.

Mais informações

O apagão começou na noite de terça-feira, quando Macapá foi atingida por uma forte tempestade e, segundo suspeita do Governo local, um raio atingiu o transformador 1 da Subestação de Macapá, de propriedade da empresa LMTE e responsável pela energia do Estado, causando um incêndio no local. Um Relatório de Análise de Perturbação já foi pedido para confirmar a causa do incêndio, mas pode demorar até 30 dias para ser concluído. Entre as cidades amapaenses, apenas Oiapoque, Laranjal do Jari e Vitória do Jari, que usam sistemas de energia independentes, não foram afetadas pelo apagão.

São várias as consequências da falta de energia nos serviços mais essenciais para a maioria da população do Estado. Em Macapá, foram formadas filas para coletar água e comprar outros itens básicos de necessidade. Falta água mineral, água encanada e gelo, e as compras são dificultadas pela impossibilidade de usar caixas eletrônicos e máquinas de cartão.

Internet e serviços de telefonia também estão fora do ar há três dias. Grande parte dos postos de gasolina do Estado não possuem gerador, e por isso também estão fechados. Ainda existem problemas com os estoques do comércio local, uma vez que muitas mercadorias necessitam de refrigeração para não estragar. Em Macapá, os geradores permitem o funcionamento de alguns hospitais.

Estado de emergência

Nesta sexta-feira (60), o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), assinou a declaração de estado de emergência, que estabelece um plano de emergência para atender a população e possibilita ao Estado solicitar recursos do Governo federal para atender às cidades. A mesma atitude foi tomada pelo prefeito de Macapá, Clécio Luis (PT), que decretou estado de calamidade pública por 30 dias na cidade por conta das dificuldades causadas pelo apagão somadas à situação da pandemia de covid-19.

Líder da oposição no Senado, Randolfo Rodrigues (PDT-AP) anunciou em suas redes sociais que estaria entrando com uma ação na Justiça Federal do Amapá pedindo ao Governo federal abastecimento de água e cestas básicas, instauração de inquérito de investigação por parte da Polícia Federal e condenação dos responsáveis, de forma a “ressarcir os danos materiais e morais de cada amapaense que foi atingido pelo caos“. Outras figuras importantes da oposição, como Fernando Haddad e Ciro Gomes, também cobraram publicamente medidas do Governo Bolsonaro com a hashtag #SOSAmapá. A resposta veio através do filho do presidente, Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro: “Governo, Casa Civil e Ministério (…) desde o início agem, inclusive com gabinete de crise sobre o problema no Amapá. Mas para quem não sabe ler, não quer buscar informação ou é sujo mesmo, cacarejar no Twitter é o esporte preferido”. Jair Bolsonaro, por sua vez, se limitou a retuitar mensagens que informam algumas providências tomadas pelo Governo federal. No momento ele se encontra num evento em Santa Catarina.

Desde o início do apagão, o Ministério de Minas e Energia estabeleceu um Gabinete de Gestão de Crise que, além da ONS, conta com a participação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), da Eletrobrás e da LMTE. Em seu último pronunciamento, o ministro Bento Albuquerque garantiu que existe um plano para a “pronta” recuperação de 70% da energia, mas a operação é “complexa”. “O equipamento já foi reparado na sua parte física e agora está havendo a filtragem do óleo do equipamento. Para se ter noção do volume, são 45 mil litros de óleo, e temos que ter certeza de que ele está em condições de operação”, afirmou Albuquerque.

Apoie nosso jornalismo. Assine o EL PAÍS clicando aqui

Postagens Relacionadas

Leave a Comment

Chat Aberto
Posso lhe ajudar?