Banqueiro mais poderoso da Argentina, Jorge Brito morre em acidente de helicóptero

by @prflavionunes

O empresário e banqueiro argentino Jorge Brito posa em Buenos Aires em 2015.
O empresário e banqueiro argentino Jorge Brito posa em Buenos Aires em 2015.Ricardo Ceppi / Getty Images

O empresário e banqueiro Jorge Brito, fundador do Banco Macro e um dos homens mais ricos da Argentina, morreu nesta sexta-feira em um acidente de helicóptero na província de Salta, no norte do país. O aparelho, no qual viajavam Brito e o piloto, caiu na represa de Cabra Corral, cerca de 70 quilômetros ao sul da capital da província.

Fontes da Segurança provincial afirmaram que o acidente aconteceu quando o helicóptero bateu em um cabo de metal usado para tirolesa. Horas antes Brito havia almoçado com o governador da província, Gustavo Sáenz, e se dirigia para a cidade de Joaquín V. González, onde tem propriedades, segundo a imprensa local.

Brito, de 68 anos, começou no mundo das finanças nos anos setenta, quando criou a empresa Hamburgo junto com o cunhado Delfín Jorge Ezequiel Carballo, com um investimento inicial de 10.000 dólares. Uma década depois, fundou o Banco Macro, que presidiu durante três décadas e o catapultou à elite financeira do país sul-americano. A expansão do Banco Macro começou durante a presidência de Carlos Menem (1989-1999) com a compra de bancos regionais e se acelerou depois da crise do corralito. Entre 2003 e 2016 Brito ocupou a presidência da Associação de Bancos Privados de Capital Argentinos (ADEBA) e também esteve à frente da Federação Latino-Americana de Bancos (FELABAN) entre 2012 e 2014.

Considerado o banqueiro mais influente da Argentina, Brito liderava o lobby empresarial contra o imposto sobre as grandes fortunas, que foi aprovado pela Câmara dos Deputados esta semana e será tratado no Senado na próxima. “Só criará uma rebelião fiscal como nunca se viu e possivelmente não arrecadará nada ou pouco e apenas midiatizará novamente uma guerra entre o Governo e os empresários”, disse em entrevista ao portal Infobae.

Apesar de sua rejeição ao imposto extraordinário criado pelo Governo de Alberto Fernández, o banqueiro manteve laços estreitos com o kirchnerismo durante anos. Entre 2003 e 2015, sob os mandatos de Néstor Kirchner e Cristina Fernández, os lucros do Banco Macro foram superiores a 600%.

Apesar de sua rejeição do imposto extraordinário criado pelo governo de Alberto Fernández, o banqueiro manteve laços estreitos com o kirchnerismo durante anos. Entre 2003 e 2015, sob os mandatos de Néstor Kirchner e Cristina Fernández, os lucros do Banco Macro multiplicaram-se por seis, até se tornar a maior instituição financeira privada de capital nacional do país. Brito optou por uma rede de clientes de baixa e média renda, até então negligenciada pela maioria das empresas privadas.

“O capital mais covarde é o dos grandes investidores, por isso com a crise mexicana [1995] perdemos 82% dos depósitos. Nos tornamos uma entidade de varejo com uma estratégia diferente da que os bancos na Argentina tinham até aquele momento. Colocamos todo o nosso interesse no interior do país e no atendimento aos clientes dos setores médio, baixo e PMEs “, disse Brito em entrevista ao EL PAÍS em 2016.

Sua rede financeira cresceu especialmente nas províncias do norte da Argentina, como Salta, Jujuy e Tucumán, onde adquiriu bancos que não resistiram ao impacto do “efeito tequila”. A presença da Macro no varejo até superou a dos bancos públicos em algumas dessas regiões.

Com a consolidação do banco, Brito se aventurou em outros negócios, com importantes investimentos nos setores agrícola e de energia. Em 2006, o Banco Macro pousou em Wall Street. Onze anos depois, sua avaliação atingiu 10 bilhões de dólares. Desde então, em decorrência da crise financeira iniciada durante o governo de Mauricio Macri e da declaração de inadimplemento da dívida externa, o valor atual do Macro foi reduzido para 1,8 bilhão.

Segundo vazamentos do WikiLeaks divulgados pelo jornal argentino La Nación em 2011, diplomatas norte-americanos em Buenos Aires consideravam Brito o “banqueiro de Kirchner” e um dos principais assessores financeiros da Casa Rosada. O triunfo de Mauricio Macri em 2015 o afastou da linha de frente, mas sem perder influência. Brito sempre manteve laços estreitos com líderes políticos de todos os partidos, bem como com poderosos sindicalistas e lideranças sociais. De acordo com o último ranking da revista Forbes, os ativos do banqueiro em 2019 totalizaram 360 milhões de dólares.

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