O presidente Jair Bolsonaro afirmou um em post do Facebook, nesta quarta-feira, que não pretender comprar a vacina Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, do Governo paulista – contrariando o anúncio feito ontem pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que havia anunciado a intenção de adquirir 46 milhões de doses do imunizante contra a pandemia do novo coronavírus.
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Na rede social, Bolsonaro publicou um post dizendo que “A vacina chinesa de João Dória: Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”.
Pouco antes, uma seguidora de Bolsonaro na rede social criou um post pedindo a exoneração do ministro, que estaria sendo “traíra” e “cabo eleitoral do Doria”. O presidente respondeu dizendo que “tudo será esclarecido ainda hoje. Não compraremos a vacina da China”. Respondendo a outros comentários na sequência, Bolsonaro foi na mesma linha. Após um internauta dizer que queria um futuro “sem interferência da ditadura chinesa”, ele voltou a dizer que a vacina “não será comprada”, em letras maiúsculas. Outro seguidor afirmou que Pazuello estava traindo o presidente ao autorizar a compra, e Bolsonaro reagiu afirmando que “qualquer coisa publicada, sem comprovação, vira traição”, reagiu o presidente. Mais cedo, o site Poder360 também publicou a informação que o presidente teria enviado uma mensagem aos ministros reafirmando que não compraria a vacina chinesa.
É o terceiro ministro da Saúde com quem Bolsonaro mantem atritos públicos. Antes dele, o presidente teve choques com Luiz Henrique Mandetta, sobre as restrições para enfrentar a pandemia de covid-19 – o Presidente defendia relaxar as medidas sanitárias, contra a postura adotada pelo então ministro – e com Nelson Teich. Nesse episódio, o ministro se recusou a endossar publicamente a suposta eficácia da cloroquina contra o novo coronavírus, algo que acabou sendo feito por Pazuello, um militar que foi efetivado como ministro no dia 14 de setembro, pouco mais de um mês atrás.
Ontem, o Ministério da Saúde havia anunciado a assinatura de uma carta de intenções para adquirir 46 milhões de doses da Coronavac. O ministério pretendia incluir o imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI), que distribui vacinas para todo o território brasileiro de acordo com um calendário definido pelo Governo federal. Antes do anúncio, o programa previa principalmente o uso da chamada vacina de Oxford, criada pela universidade britânica junto com a Fiocruz, pertencente ao Governo federal. O investimento na compra da vacina chinesa estaria na casa dos 2,6 bilhões de reais. O medicamento, que ainda está em fase de testes, precisaria ainda ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, antes da distribuição.
O anúncio havia sido interpretado como uma vitória política para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). A luta pela inclusão da Coronavac nos planos do governo federal contra a covid-19 foi uma iniciativa do próprio Doria, que já anunciou que espera contar com a vacina chinesa até dezembro – embora tenha pela frente possíveis dificuldades no desenvolvimento. Ele vinha articulando a venda do imunizante diretamente para os governadores de outros estados, caso o Ministério da Saúde não comprasse o produto devido à rixa política entre Doria e Bolsonaro. Com o recuo ensaiado hoje por Bolsonaro, essa possibilidade volta a ganhar força.
Nos últimos dias, o presidente havia criticado Doria seguidamente sobre a questão da vacina. Primeiro, o presidente disse que “tem governador que está se intitulando o médico do Brasil”. Depois, ressaltou que a vacina nacional não será obrigatória – posição contrária a que Doria pretende adotar em São Paulo. “Essa pessoa está levando terror à opinião pública”, afirmou.
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