Debora Diniz: “É preciso reconhecer o papel do jornalismo na construção da democracia”

by @prflavionunes

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Debora Diniz é professora de Direito da Universidade de Brasília, pesquisadora do Centro de Estudos da América Latina e Caribe da Universidade Brown, em Providence, no nordeste dos Estados Unidos, e vencedora de mais de 90 prêmios em sua trajetória acadêmica e documentários. Há dois anos, Diniz é colunista do EL PAÍS, onde escreve (em português, espanhol e inglês) sobre feminismo, política, direitos humanos e saúde pública, ao lado da argentina Giselle Carino, cientista política e diretora nas Américas da organização pelos direitos reprodutivos IPPF (International Planned Parenthood Federation).

Desde 2018, a antropóloga vive fora do Brasil, após sofrer uma série de ameaças de morte nas redes sociais devido à sua posição com relação aos direitos reprodutivos das mulheres, que ajudaram a encampar uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para permitir o aborto em gestações de fetos anencéfalos. “O dia seguinte ao aborto deve ser o dia em que tocaremos mais uma vez à porta do STF do Brasil para lembrar aos onze ministros que a peregrinação desta menina poderia ter sido evitada se eles tivessem a coragem da justiça para descriminalizar o aborto no país”, escreveu, na ocasião em que o país acompanhava o périplo de uma menina de dez anos para interromper a gestação causada por um estupro.

Nascida em Maceió, a antropóloga conquistou renome graças ao seu trabalho que colocam a mulher no centro do debate sobre a saúde pública no Brasil. Em 2010, publicou a Pesquisa Nacional do Aborto, na qual demonstrava que uma a cada cinco mulheres de até 40 anos já havia sido submetida a ao menos um aborto no Brasil. Mais recentemente, em 2017, lançou o documentário Zika, reunindo relatos de mães pernambucanas com bebês microcefálicos da primeira geração da epidemia.

Giselle Carino, colunista do EL PAÍS, fala sobre o jornal.Divulgação

“Toda semana, nós escrevemos desde o Brasil para pensar a América Latina e o que acontece com os direitos das mulheres e das populações minoritárias”, conta Diniz, sobre a coluna que assina com a pesquisadora Giselle Carino. “O jornal precisa de assinantes e de pessoas que reconheçam sua importância, além de todo o trabalho por trás da criação e da circulação de uma notícia, ou opinião, que seja confiável para a construção do debate público”, afirma a brasileira. “É necessário o reconhecimento do valor que cidadãos informados tem em uma democracia sólida”, completa a argentina, especialista em educação, que leciona sociologia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio (IFRJ) há oito anos.

Debora Diniz e Giselle Carino fazem parte de um grupo de vozes do Brasil, entre colunistas, leitores, ativistas e pensadores, que se juntou à campanha de apoio ao projeto de assinatura da edição brasileira do EL PAÍS. Em outubro, o jornal adotará o modelo paywall, quando os leitores têm um limite de textos gratuitos para ler por mês. A partir daí, será preciso pagar para ter acesso a todas as reportagens e análises da edição brasileira, que nasceu com os ventos das jornadas de 2013. O preço da assinatura para ter acesso aos textos em português é de 1 dólar no primeiro mês e 3 dólares a partir do segundo mês. É uma mudança necessária para que, após sete anos, o jornal continue cumprindo a missão de trazer ao público brasileiro as notícias mais relevantes do país e do mundo. Apoie e assine o EL PAÍS. Queremos crescer junto com vocês para fortalecer a opinião pública no Brasil.

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