‘Enquanto tiver 1% de chance, vamos lutar’, diz sócio sobre risco de fechamento do bar do Bolão

by @prflavionunes

Rômulo Ávila

“Enquanto tiver 1% de chance, nós vamos lutar.” A promessa é do empresário Luiz Cláudio Rocha, um dos sócios do Bar do Bolão, tradicional restaurante da Zona Leste de Belo Horizonte, que corre risco de fechas as portas após quase 60 anos de história no bairro de Santa Tereza, em razão da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.

Fechado há mais de 140 dias, o bar registra queda de 80% no faturamento e tenta sobreviver apenas com o delivery. Antes da pandemia, o Bolão mantinha outras três frentes fortes de vendas: self-service, à la carte e o atendimento noturno. Em entrevista exclusiva ao Dom Total, Luiz Cláudio diz que ele e os demais proprietários vão lutar até o fim para evitar que a história do Bolão chegue ao fim.

“Iremos fazer de tudo. Como diz o ditado, enquanto tiver 1% de chance, vamos lutar com o nosso trabalho, com a nossa dignidade, aquilo tudo que aprendemos com os nossos pais, com nossos avós. Temos que lutar por essa tradição de Belo Horizonte. Não vamos simplesmente abaixar a cabeça. Contamos com a colaboração dos amigos e dos clientes, que são fiéis ao Bolão e gostam da empresa”, diz Luiz Cláudio, que diz em aprender com a crise para melhorar.

Fundado em 1961, o Bolão funciona em um casarão antigo do histórico bairro Santa Tereza. É conhecido também como Rei do Espaguete, em razão do macarrão servido com diferentes molhos, carro-feche do estabelecimento. É ponto de encontro certo para baladeiros que precisam matar a fome nas madrugadas. Neste caso, o Rochedão (arroz, feijão, bife, ovo, macarrão ou fritas) é um dos pratos mais pedidos. O bar está na terceira geração e enfrenta o pior momento de sua história, na avaliação de Luiz Cláudio.

“No meu ponto de vista é a maior crise da história do restaurante Bolão”, disse. “Passamos por momentos de dificuldade em 2015, com uma queda no faturamento em razão da crise econômica que tivemos, mas depois começou a recuperação”, disse.

Luiz Cláudio conta que a duração da crise provocada pela pandemia surpreendeu a todos. “A expectativa nossa era de uma reabertura rápida, mas não foi isso que aconteceu. Estamos praticamente há quase 140 dias fechados. Temos 48 funcionários que participam do grupo Bolão e a gente sente isso na pele, uma situação que a gente, talvez, nem sabemos como vamos lidar”, disse o empresário.

Para tentar amenizar os impactos, o bar criou um aplicativo próprio e promoções para o prato dia, ao preço de R$ 20. “As redes sociais também estão sendo primordiais nesse momento para atingir o nosso público diário”.

Divulgação Divulgação Mesmo com maior crise da história, o Bolão demitiu apenas três funcionários que trabalhavam no self-service. No entanto, não há como garantir a manutenção dos empregos por muito mais tempo. 

“A gente fica sentido. É uma empresa que está no mercado desde 1961. Entendemos, e temos que ressaltar, que estamos lidando com saúde. Lógico que em primeiro lugar é a saúde, mas somos comerciantes, empresários e também queremos sobreviver”, disse Luiz Cláudio, que pede mais ajuda das três esferas de governo.

Desafio

O empresário diz que nem mesmo a reabertura é garantia de salvação. Isso porque ele considera as regras do protocolo criado pela Prefeitura de Belo Horizonte muito rígidas. “Nosso maior desafio vai ser em cima do que a prefeitura soltar. A gente sabe que vamos encontrar dificuldade, mas precisamos também encarar a realidade. Vai ser um desafio novo para nós do Restaurante Bolão encararmos”, disse.

Luiz Cláudio destaca que o bar já adotou todas as medidas sanitárias exigidas pelas autoridades de saúde. “Vamos ver o que a prefeitura vai soltar, também nos apoiando de uma forma sensível, sem muita burocracia, porque sabemos que precisamos ter responsabilidade nesse momento.”

História


A boa comida e o fato de ficar aberto nas madrugadas contribuíram para o Bolão virar ponto de encontro de músicos famosos. O histórico bar de Santa Tereza é frequentado por membros do Clube da Esquina e das bandas Skank e Sepultura. Tanto que já apareceu em um trabalho do cantor e compositor Lô Borges com o vocalista do Skank, Samuel Rosa.

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