Google retira o aplicativo Parler, a rede onde se refugiam muitos seguidores de Trump

by @prflavionunes

A Alphabet Inc, proprietária da Google, retirou na sexta-feira o serviço de redes sociais Parler de sua loja de aplicativos. A empresa alega que existem publicações dentro da rede social que incitam à violência. “Para que possamos distribuir um aplicativo através do Google Play precisamos que os aplicativos implementem uma moderação sólida ao conteúdo indignante. Por essa ameaça à segurança pública atual e urgente, suspenderemos o aplicativo [Parler] na Play Store até que solucione esses problemas”, disse a Google através de um comunicado divulgado pela agência Reuters.

O anúncio coincide com a suspensão definitiva da conta pessoal no Twitter do presidente norte-americano, Donald Trump, seu principal instrumento de comunicação durante seu mandato, pelo risco de que pudesse incitar à violência. Neste sábado, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, convidou seus apoiadores a segui-lo no Parler.

Precisamente o Parler ganhou muita popularidade entre os seguidores de Trump após as mudanças nas regras de comportamento implementadas pelo Facebook e o Twitter desde o começo de 2020 para combater as notícias falsas, a desinformação e o discurso de ódio durante a pandemia do coronavírus e as eleições norte-americanas.

Mas a Google não agiu sozinha. A Apple também exigiu ao Parler a apresentação de um “plano de moderação detalhado” em 24 horas (que acaba neste sábado) para evitar que os usuários da plataforma utilizem o serviço para coordenar outro ataque como o de quarta-feira ao edifício do Capitólio dos Estados Unidos. “O conteúdo que ameaça o bem-estar dos outros e que tem a intenção de incitar à violência e outros atos ilegais nunca foi aceitável na App Store”, diz a empresa em um comunicado e acrescenta que pediram ao Parler que elimine da plataforma todo conteúdo contrário à regra da Apple, assim como qualquer tipo de publicação que faça referências a danos a pessoas e ataques a instalações governamentais.

Após as ações dos gigantes tecnológicos, o Parler pode deixar de estar disponível para novos downloads nas principais lojas de aplicativos para celulares, mas ainda pode ser baixado através de navegadores para celular.

A alternativa ao Twitter

O Parler havia se transformado nos últimos meses em uma espécie de refúgio aos tuiteiros mais conservadores suspensos da rede social e que, decepcionados pelas novas políticas de privacidade e publicação nas principais plataformas, procuram um espaço “sem censura”, como habitualmente é definida “a rede da ultradireita”.

Em agosto de 2020, o Parler (que surgiu em 2018) tinha acabado de somar seu primeiro milhão de usuários e se posicionava timidamente como uma alternativa ao Twitter. Em novembro, a rede social havia decolado. Logo depois da eleição norte-americana, multiplicou por oito seu número de usuários em relação ao mês de julho. “Na semana passada [de 2 a 8 de novembro durante a disputa eleitoral norte-americana] tínhamos por volta de 4,5 milhões de membros. Agora temos oito”, disseram fontes internas ao EL PAÍS nesta reportagem. Ainda que o Parler esteja há anos-luz do Twitter —que tem mais de 175 milhões de usuários— os números fornecidos pela empresa não são baixos, considerando o tempo em que os conseguiu.

Mas o Parler não foi o único refúgio. Centenas de usuários descontentes pelas recentes ações do Twitter e Facebook contra comentários e publicações em suas plataformas migraram suas contas ao aplicativo de mensagens instantâneas Telegram (concorrente do WhatsApp, propriedade do Facebook) e à plataforma Gab, uma rede social em inglês conhecida por ter uma grande quantidade de usuários de extrema-direita e cujo site permite às pessoas ler e escrever mensagens multimídia de até 300 caracteres conhecidas como gabs.

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