A relação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, se deteriorou e muito nos últimos dias.
Em declarações realizadas nesta sexta-feira (11), o ministro subiu o tom contra Maia e o acusou de obstruir projetos econômicos defendidos pelo governo Bolsonaro. Para Guedes, o parlamentar teria se aliado à esquerda para impedir as privatizações e, até mesmo, aumentar impostos. Ainda classificou Maia como “quase desonesto” ao cobrar o Ministério da Economia a aprovação de matérias que se encontram paradas no Congresso há meses, como a reforma administrativa e propostas de privatizações.
Há poucos dias, o presidente da Câmara — o qual foi impedido pelo STF tentar uma nova reeleição — fez duras críticas a atuação de Paulo Guedes. O parlamentar chegou a ironizar a administração Bolsonaro pela demora na votação da PEC Emergencial: “Estou pensando em trazer um bolo”.
“Bolo de aniversário tem que ser entregue na casa dele [Maia]. Tem um ano que ela tá no Congresso, e são três PECs: a Emergencial, o Pacto Federativo e a dos Fundos” — retrucou Guedes, lembrando que o governo mandou para o congresso as medidas em novembro de 2019. Até hoje, os projetos praticamente não tramitaram.
“É muito fácil disfarçar desentendimentos políticos repassando a conta para quem fez já fez sua parte. É insensato, é quase desonesto ficar cobrando coisas que já estão entregues” — disse o ministro pontuando que não é a equipe econômica que precisa ser cobrada, e sim a classe política. “É uma narrativa política tentando disfarçar a realidade” — acrescentou.
Paulo Guedes cobrou do parlamentar que ele paute os projetos enviados pelo governo, como a privatização da Eletrobras, a reforma administrativa e a independência do Banco Central.
O ministro acusa Maia de aliança com a esquerda
O chefe da área econômica do governo Bolsonaro ainda acusou o presidente da Câmara de ter um acordo com a esquerda para impedir que propostas de privatizações avancem.
“Maia tem acordo com esquerda de impedir as privatizações. Só descobri agora, depois de dois anos, depois de perder meu secretário das privatizações” — exclamou Guedes.
“Como que eu vou privatizar, se não entra na pauta? Quem controla a pauta é uma aliança de centro-esquerda. E quem ganhou as eleições? Uma aliança de centro-direita. Há uma disfuncionalidade. Não posso ficar aceitando falsas imputações, falsas narrativas” — declarou o Guedes.
O projeto do governo de privatização da Eletrobras se encontra na Câmara desde novembro de 2019, porém nunca tramitou.
