Morreu Eilat Mazar, uma das principais pesquisadoras de Jerusalém, aos 64 anos. Ela descobriu o palácio do Rei Davi na Cidade de Davi e ficou conhecida como a arqueóloga que trabalhava com a Bíblia.

“Trabalho com a Bíblia em uma mão e as ferramentas de escavação na outra”, disse Eilat tempos atrás. Arqueóloga de campo, acadêmica e palestrante do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica em Jerusalém, o legado da pesquisadora está sendo lembrado na comunidade internacional.

“Como arqueóloga e ser humano, ela era profundamente apaixonada e compassiva”, lembrou Etgar Lefkovits, jornalista do The Jerusalem Post. “Amante da história e da arqueologia e uma patriota ardente, seu rosto brilhava com luz e seus olhos cintilavam conforme ela detalhava séculos passados, e fazia o trabalho de conectar os pontos que são a arqueologia”, acrescentou.

As descobertas de Mazar incluem alguns dos artefatos mais antigos conhecidos na cidade antiga, que datam dos séculos 12 e 11 a.C., e ela os viu como evidências cientificamente escavadas da monarquia bíblica unificada, segundo informações do portal The Christian Post.

Seu trabalho, por vezes, oferecia uma interpretação da qual seus colegas acadêmicos discordavam, especialmente a estrutura que ela escavou em 2005 na Cidade de Davi, que é considerada o palácio do Rei Davi: “Forte como a rocha que ela peneirou, ela seguiu em frente sem se deixar abater por suas críticas e animada por seu espírito. Ela e a história estavam interligadas como uma”, descreveu Lefkovits.

Eilat Mazar não se envergonhava de reconhecer as Escrituras como um documento confiável: “A Bíblia é a fonte histórica mais importante e, portanto, merece atenção especial”, costumava dizer.

Depois de descobrir a cidade de Davi, Mazar também encontrou seções das paredes do rei Salomão, selos de argila pertencentes ao rei Ezequias e possivelmente ao profeta Isaías.

Em 2018, Mazar escreveu em um artigo na revista Biblical Archaeology Review intitulado “Is This the Prophet Isaiah’s Signature?” (“Seria esse o selo do profeta Isaías?”, em tradução do inglês) sobre uma antiga escrita hebraica encontrada em um selo oval de meia polegada de argila, datado do século VIII a.C., poderia pertencer ao profeta Isaías.

O livro de Isaías no Antigo Testamento descreve as profecias sobre a vinda do Messias centenas de anos antes de Jesus Cristo nascer, com o apóstolo Mateus citando Isaías mais tarde no Novo Testamento ao falar sobre o ministério de João Batista.

O pedaço de argila, também chamado de bula, foi um dos 34 de seu tipo originalmente encontrados durante as escavações de Ophel na parede sul do Monte do Templo de Jerusalém em 2009. As peças foram encontradas em fossas de lixo da Idade do Ferro, originalmente localizadas fora dos muros.

Quando criança, Mazar costumava acompanhar seu avô, o professor Benjamin Mazar, em suas escavações na Jerusalém antiga, particularmente na Cidade de Davi e na área do Arco de Robinson, perto do Muro das Lamentações.

Mazar falou sobre a historicidade do texto bíblico ser um projeto para sua escavação arqueológica acadêmica: “Uma das muitas coisas que aprendi com meu avô foi como me relacionar com o texto bíblico: se debruce repetidamente sobre ele, pois contém descrições da genuína realidade histórica”, escreveu Mazar em um artigo de 2006 da Biblical Archaeology Review.

“Não é uma questão simples diferenciar as camadas de fontes textuais que foram empilhadas umas sobre as outras ao longo das gerações; nem sempre temos as ferramentas para fazer isso. Mas é claro que ocultos no texto bíblico estão grãos de verdades históricas detalhadas”, reiterou a arqueóloga na ocasião.





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