Proud Boys, o grupo de ultradireita só de homens que Trump se negou a condenar

by @prflavionunes

Donald Trump se negou a condenar o supremacismo branco no primeiro debate presidencial dos Estados Unidos. Quando o apresentador da Fox News Chris Wallace lhe perguntou diretamente se estava disposto a fazê-lo, o mandatário respondeu que sim e pediu que lhe dissessem quem devia condenar. Seu rival, Joe Biden, sugeriu os Proud Boys, um grupo de extrema direita. “Proud Boys, retrocedam e esperem”, replicou o republicano. Um pedido que acendeu as redes sociais. O candidato democrata enviou nesta quarta-feira uma mensagem contrária ao grupo, estendendo-a todas as organizações supremacistas brancas. “Parem e desistam”, afirmou Biden numa coletiva em Alliance, Ohio, um Estado-chave nas eleições de 3 de novembro.

Em 2016, quando Trump liderava a campanha para chegar à Casa Branca, o ativista de direita canadense-britânico Gavin McInnes fundou os Proud Boys (literalmente, garotos orgulhosos), um grupo que só aceita homens. Seus integrantes ampliaram sua retórica nacionalista, anti-islâmica e misógina na Internet profunda, conhecida como Deep Web. Em questão de meses, eles começaram a participar de manifestações de extrema direita, com suas características camisas pretas e amarelas. Estiveram também nos distúrbios ocorridos em Charlottesville em 2017, quando um simpatizante neonazista investiu com seu veículo contra um protesto antirracista, matando uma pessoa e ferindo 19.

Trump na época responsabilizou ambos os grupos, alegando que “havia gente má num lado e também muito violenta no outro” e que “havia pessoas muito boas nos dois lados”.

Os Proud Boys se dizem “chauvinistas ocidentais” que se cansaram de pedir desculpas por “criar o mundo moderno” e rejeitam seus laços com o supremacismo branco. Mas o FBI os classifica como um “grupo extremista com vínculos com o nacionalismo branco”. Já o Southern Poverty Law Center (SPLC), instituição de referência no estudo do extremismo nos EUA, o inclui na lista de grupos de ódio do país. Embora McInnes tenha rompido com a organização em novembro de 2018, processou o SPLC por difamação no início de 2019.

Num ano marcado pelos protestos contra o abuso policial contra os afro-americanos, os Proud Boys organizaram manifestações contra o movimento Black Lives Matter (vidas negras importam). Em Portland (Oregon), que registra mais de 100 dias de distúrbios raciais, o grupo de extrema direita organizou recentemente uma manifestação de apoio a Trump. Compareceram cerca de 200 pessoas, algumas delas armadas. Quando Portland foi tema de discussão no debate sobre, Trump voltou a responsabilizar os Antifa, um movimento amorfo de ativistas que compartilham causas diversas como a luta contra o racismo e a homofobia, e que estão ligados à extrema esquerda.

Depois do pedido aos Proud Boys, Trump afirmou que “alguém” tinha que fazer “algo” com o Antifa e a esquerda. “Este não é um problema da direita, é um problema da esquerda”, disse. Biden contra-atacou argumentando que o próprio diretor do FBI, Chris Wray, explicou há duas semanas que o Antifa “é uma ideia, não uma organização”. O presidente norte-americano desmereceu o comentário, advertindo que se trata de um grupo radical e perigoso. “Mas foi o seu próprio diretor do FBI que disse”, insistiu Biden. Ao que foi interrompido pelo republicano: “Quer saber? Ele está errado.”

Terminado o debate, começou a circular no Twitter uma captura de tela das respostas dos membros do Proud Boys publicadas na plataforma Parler. Os atuais presidentes do grupo, Enrique Tarrio e Joe Biggs, escreveram, entre outras mensagens: “O presidente Trump disse aos Proud Boys que esperassem porque alguém precisa lidar com o Antifa… Bem, senhor, estamos prontos!” Biden compartilhou a publicação, acompanhada de uma mensagem: “Estes são os Estados Unidos de Trump.”

Há uma semana, o presidente se comprometeu, num ato em Atlanta (Geórgia), a designar o Antifa e a Ku Klux Klan como organizações terroristas. O Departamento de Segurança Nacional adverte que os supremacistas brancos são a ameaça terrorista nacional “mais persistente e letal” enfrentada pelos EUA até 2021, segundo documentos obtidos pela imprensa local em setembro.

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