É Satanás quem carregará os nossos pecados?

by @prflavionunes

por Artigo compilado – seg dez 14, 4:16 pm

NOTA: Abaixo segue texto retirado e adaptado do livro “Descortinando o Adventismo”, Gleyson Persio, Ed Jocum.

Nos antigos rituais hebraicos, o Lugar Santíssimo era purificado uma vez por ano pelo sacrifício de um bode chamado “Para Yahweh” (Levítico 16). Um segundo bode chamado de “Para Azazel”, mas mais comumente chamado de “bode expiatório”, era deixado vivo (Lev 16.10). O Sumo Sacerdote então impunha as mãos sobre a cabeça desse bode e confessava os pecados de Israel. Esse bode era, então, direcionado para o deserto, carregando toda a culpa de Israel, para se encontrar (supostamente) com um demônio chamado “Azazel”.

Esse simbolismo profético lembra muito o episódio de Cristo ser levado pelo Espirito Santo ao deserto, para ser tentado por Satanás, logo depois do seu batismo. Cristo, como todos nós sabemos, saiu vitorioso desse encontro. Contudo, na teologia adventista, tal bode expiatório não representa Jesus, mas sim, Satanás. Teólogos adventistas que defendem essa tese vão dizer que tal bode não poderia representar Jesus, pois ele já havia morrido representado pelo primeiro bode, além desse segundo bode não ter o seu sangue derramado, portanto ele não poderia ter parte no processo de expiação. Satanás, assim, deve finalmente pagar por tudo o que fez, carregando todos os pecados da humanidade, já que ele foi responsável pela origem desses pecados.

Visto que Satanás é o originador do pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do Filho de Deus exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de Cristo, para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do pecado, encerrar-se-á pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que cumprirá a “pena final” (White, Patriarcas e Profetas, Pg 315)

Temos alguns problemas com relação a essa afirmação. Uma questão cultural e uma que invade o campo da heresia bíblica (mais uma vez).

O problema cultural é que segundo a literatura judaica, Azazel não era Satanás, mas sim outro anjo caído.

Vejamos o que diz o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento sobre o assunto:

O Texto Massorético indica um nome próprio que, a parte dessa menção, é inteiramente desconhecida [nas Escrituras]: Azazel, que os rabinos da Idade Média explicavam ser designação de um demônio peludo do deserto. Então, Arão lançaria sortes por um demônio. Ora, näo se faz inclusão do culto ou adoração de demônios em parte alguma da Torá, e não pode existir a mínima possibilidade de que tal culto surja aqui (e nos versículos seguintes deste capítulo (Lv 16).

A óbvia solução desse enigma encontra-se na separação das duas partes da palavra Azazel, de modo que fique ez azel, isto é, ‘o bode da partida ou da demissão: Noutras palavras, como o versículo 10 deixa bem claro, esse segundo bode deve ser conduzido para fora, ao deserto, para onde deverá encaminhar-se, e de modo simbólico, levar embora os pecados do povo de Israel, retirando-os do acampamento do povo.

É inquestionável que a LXX entendeu o versículo e o nome Azazel dessa forma, ao apresentar a grafia “to apopompaio” (para o que for enviado pra longe). De forma semelhante, a Vulgata traz “capro emissário” (para o bode que deve ser despedido). Assim, ao separarmos as duas palavras que foram indevidamente unidas numa só no hebraico, passaram a ter um texto que faz sentido perfeito no contexto, sem fazer concessão a demônios, cujo exemplo não existe nas Escrituras. Noutras palavras, ‘bode emissário (KJY NASB, NIV) é a verdadeira tradução a ser empregada, em vez de “para Azazel” (ASV, RSV) (Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas, 1998, 2° impressão, p. 39 ).

É preciso que se entenda que o registro dos documentos do Antigo Testamento pra escrito só com as consoantes; os pontos representativos das vogais só passaram a ser colocados no texto a partir de 800 d.C [Texto Massorético]. A tradição, segundo a qual, o bode emissário era o nome de um demônio do deserto originar-se-ia muito tempo depois, e estaria totalmente em desacordo como os princípios da redenção ensinados na Torá.

Portanto, é inteiramente errado imaginar que esse cabrito representava o próprio Satanás, visto que nem o diabo nem seus demônios jamais são mencionados desempenhando funções expiatórias em prol da humanidade, que é a implicação dessa interpretação (Idem p. 137).

“A palavra tem sido entendida e traduzida de diversas maneiras. As versões antigas (LXX, Símaco, Siríaco e Vulgata) entenderam que a palavra indica o ‘bode que se vai, considerando como derivada de duas palavras hebraicas: ez= bode, e azal= virar-se”.

Essa análise técnica final nos leva ao derradeiro problema, qual seja, de ordem herética, que seria colocar Satanás no lugar de Jesus como uma espécie de “redentor final” pelos nossos pecados!

As Escrituras novamente se defendem contra esse tipo de absurdo interpretativo da seguinte forma:

“No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha caminhando em sua direção, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.  João 1.29

“Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” 2 Coríntios 5.21

“Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores, levou sobre si; e nós o considerávamos como aflito, ferido de Deus, oprimido. Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu próprio caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.” Isaías 53.4-6

“Todavia, ao Senhor agradou esmagá-lo, fazendo-o sofrer. Quando ele der a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará em suas mãos. Ele verá o fruto do trabalho de sua alma e ficará satisfeito. O meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei a sua parte com os grandes, e com os poderosos ele repartirá o despojo, pois derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores. Contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.” Isaías 53.10-12

E ainda:

“Carregando ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Pelas feridas dele vocês foram sarados.” 1 Pedro 2.24

Não existe absolutamente nenhum espaço para mais de um ser carregar os pecados da humanidade. Se Cristo já os carregou, qual é o motivo de se colocar Satanás como mais um “carregador” de pecados? O motivo é esse: essa é uma doutrina satânica que se infiltrou nessa igreja como mais uma forma de afronta a Jesus, pois Satanás sempre quis ocupar o lugar dEle! Com o engano de Ellen White e o Adventismo ele conseguiu fazer isso, sem qualquer tipo de resistência.

Ou seja, além de a IASD, direta ou indiretamente, corroborar a ideia da expiação dos pecados não ter sido completa na cruz, ela ainda desfere mais um golpe no sangue de Cristo ao dizer que ele não foi/é suficiente para apagar totalmente esses pecados, mas que, efetivamente, aquele que irá nos redimir será o próprio Satanás! Dentro desse raciocínio temos a seguinte construção teológica:

– Primeiro veio a cruz que não fez muito, a não ser atrasar o processo de eliminação dos pecados;

– Após isso o sangue de Cristo levou os pecados ao santuário celestial que o poluiu (!?) e postergou o início do juízo para o ano de 1844;

– Em seguida, o sangue de Cristo cobriu, mas não purificou completamente as pessoas de seus pecados, basicamente, colocando um “band-aid” em cima das transgressões, mas não resolvendo efetivamente o problema;

– Finalmente, após o retorno de Cristo, os pecados da humanidade recaem sobre Satanás que foi o originador deles;

Afinal de contas, para que serviu o sangue de Cristo mesmo? Dentro dessa tese adventista, qual foi o resultado efetivo de todo o sacrifício de Cristo na cruz? Existe alguma forma de deixar o sangue de Jesus com uma aparência ainda mais fraca do que essa? Como é possível que cristãos possam acreditar em tamanha heresia e ainda possam permitir que ela se; continuamente ensinada em suas comunidades? Que espírito estaria por detrás de tamanha afronta contra o sangue de Cristo, a ponto de querer desmerecê-lo e rebaixá-lo a tamanha insignificância?

Analisemos, portanto na página a seguir, as discrepâncias entre o texto bíblico e esse que é o mais importante pilar doutrinário adventista:

Cada autor é responsável pelo conteúdo do artigo.

Pr. Flávio Nunes

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