A cantora foi processada por crime de LGBTfobia por dizer que homossexualidade é pecado e relacionar a prática à Aids, durante um culto em 2016
Thalis Silva – 2 de dezembro de 2020
O Ministério Público Federal (MPF) aceitou uma denúncia de homofobia contra a cantora gospel Ana Paula Valadão por declarações feitas no Congresso Diante do Trono de 2016. Naquela ocasião, Ana disse que relações homoafetivas não eram “normais”.
A cantora Ana Paula Valadão foi processada por crime de LGBTfobia por dizer também que homossexualidade é pecado e relacionar a prática à Aids, durante um culto de 2016 exibido pela TV Rede Super. “Isso não é normal. Deus criou o homem e a mulher. E é assim que nós cremos. Qualquer outra opção sexual é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências”, disse Ana Paula sobre a homossexualidade.
“A Bíblia chama de qualquer opção contrária ao que Deus determinou, de pecado. E o pecado tem uma consequência que é a morte. Está aí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte e contamina as mulheres, enfim…”, disse a cantora na época.
O ativista LGBTI+ Agripino Magalhães pediu que o MP de Belo Horizonte, em Minas, abrisse um inquérito para apurar crime de homofobia nas declarações, pedido feito em setembro deste ano. Em novembro, o procurador Helder Magno da Silva determinou a abertura de inquérito contra a cantora.
“Remonta à década de 1980 a narrativa da Aids como ‘doença/câncer/peste gay’ ou mesmo ‘castigo de Deus’, que se baseava na desinformação sobre o vírus e desconhecimento sobre a doença. Tal concepção, inclusive, foi há muito superada pelo conhecimento médico-científico. A situação, na forma em que foi narrada, caracteriza-se como ‘discurso de ódio’, restando ao Estado o dever de proteger as vítimas e responsabilizar os infratores, de maneira que essa atuação é ainda mais necessária no atual cenário brasileiro”, escreveu Helder no pedido.
Segundo o MPF, a “a situação, na forma em que foi narrada, caracteriza-se como ‘discurso de ódio’, restando ao estado o dever de proteger as vítimas e responsabilizar os infratores, de maneira que essa atuação é ainda mais necessária no atual cenário brasileiro, em que a homofobia se encontra tão presente e multiplicam-se casos de ódio e intolerância”.
A cantora Ana Paula Valadão ainda não se manifestou sobre a abertura do inquérito.
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Fonte: https://gospelminas.com/