O “Abre e Fecha” da Porta da Graça Adventista

by @prflavionunes

Após o Grande Desapontamento de 1844 o movimento Milerita se dividiu em dois grupos. O primeiro grupo, ao qual o próprio Miller se uniu posteriormente, reconheceu que nada de relevante realmente havia ocorrido em 22 de outubro de 1844 e seguiram as suas vidas aguardando normalmente o retorno de Cristo. Esses adventistas rejeitaram completamente a ideia da doutrina do santuário celestial como forma de reinterpretação da vinda de Cristo em 1844 e ficaram conhecidos como os

“Adventistas da Porta-Aberta”.

O segundo grupo reinterpretou a profecia dos 2.300 dias de Daniel 8:14 como a doutrina do santuário celestial e do juízo investigativo, e acreditou que a porta da graça havia sido fechada nesse dia. Esses se tornaram conhecidos como os “Adventistas da Porta-Fechada”. Desse segundo grupo surgiram os fundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Até os dias de hoje os adventistas acreditam que haverá uma época não muito distante em que a “Porta da Graça” será fechada e que não haverá mais chance para salvação para quem quer que seja. É interessante, contudo, que apresentemos a evolução dessa teoria ao longo dos anos, a fim de que possamos conscientizar o leitor da constante mudança de pensamento doutrinário dessa igreja, que sempre teve que se adaptar as caprichosas e pitorescas mudanças de pensamento da sua “profetisa” e líder, Ellen White.

Os Mileritas criam que a parábola das 10 virgens de Mateus 25:1-12 falava da experiência que eles haveriam de ter com a vinda de Cristo em 1844.

Os “Adventistas da Porta-Fechada”, que continuaram acreditando que o dia 22 de outubro de 1844 foi uma data profética relevante, acrescentaram um pouco mais de fanatismo à parábola das 10 virgens. Nessa parábola, as virgens prudentes entraram com o noivo na festa da celebração das bodas e então “a porta foi fechada”. Esses adventistas acreditavam que eles eram as “únicas noivas” que estavam preparadas. Eles passaram a ensinar, portanto, que todos aqueles que rejeitaram a mensagem de 22 de outubro de 1844 representavam as virgens néscias que ao baterem na porta do noivo, ouviram: “Em verdade vos digo que não vos conheço”.

Em outras palavras, o “pequeno rebanho” adventista era o único povo a quem a “porta da graça” ainda estava aberta. Para todos os outros, a porta havia se fechado.

Simultaneamente ao fechamento da porta da graça a todos aqueles que não aceitaram a mensagem de 1844, os “Adventistas da Porta-Fechada” acreditavam também que Cristo havia fechado a porta do Lugar Santo do santuário celestial. A própria Ellen White disse que viu tudo isso acontecendo no céu. Vejamos: “Foi-me mostrado o que teve lugar no Céu, no final do período profético, em 1844. Terminando Jesus Seu ministério no lugar santo, e fechando a porta daquele compartimento, grande treva baixou sobre aqueles que tinham ouvido e rejeitado as mensagens de Sua vinda; e O perderam de vista. Jesus então envergou vestes preciosas. Na extremidade inferior de Suas vestes havia uma campainha e uma romã, uma campainha e uma romã. Um peitoral de confecção curiosa estava suspenso de Seus ombros. Movendo-Se Ele, luzia como diamantes, avolumando letras que pareciam semelhantes a nomes escritos ou gravados no peitoral. Sobre a cabeça trazia algo que tinha a aparência de uma coroa. Quando ficou completamente ataviado, achou-Se rodeado pelos anjos, e em um carro chamejante passou para dentro do segundo véu. Foi-me então ordenado que observasse os dois compartimentos do santuário celestial. A cortina, ou porta, foi aberta, e foi-me permitido entrar.”( White, Ellen, Primeiros Escritos, pág. 252).

Ou seja, para todos os efeitos, a porta da graça havia se fechado para qualquer um que não fizesse parte do movimento adventista nessa época.

É bem provável que a raiz da mentalidade exclusivista que ainda permeia a IASD nos dias atuais, tenha surgido nessa época, com a ideia da porta da graça fechada.

Contudo, logo em seguida, entre outubro de 1844 e dezembro do mesmo ano muitos adventistas desistiram desse ensinamento. Como podemos ver a seguir: “Quando ela recebeu sua primeira visão, entre 22 de outubro de 1844 e o fim de dezembro de 1844, ela (EGW) e todo o grupo de Portland, Maine (onde seus pais moravam) desistiram da teoria do Clamor da Meia-Noite e do ensino da doutrina da Porta Fechada, como se tivesse ficado no passado.”( White, James, A Word to the “Little Flock”, 30 de maio de 1847, pág 22.)

Esse texto deixa claro que Ellen White havia abandonado os ensinamentos da doutrina da porta fechada nesse período. Porém, como nada relacionado a Igreja Adventista do Sétimo Dia é tão simples assim, logo em seguida os pioneiros adventistas mudaram de ideia novamente e resolveram fechar a tal porta da graça de novo.

Até o momento nós já documentamos em diversos locais a inconsistência da “profetisa” adventista em diversos textos, assim como a sua mudança de pensamento quando assim lhe fosse conveniente. Desde o endosso de Miller em relação as suas predições iniciais para a volta de Cristo em 1843 para uma mudança de data da vinda do Messias para a primavera de 1844, logo em seguida uma nova mudança para 22 de outubro de 1844 e finalmente uma nova revelação para transformar essa data numa doutrina de Juízo Investigativo/Santuário Celestial.

Vimos também que a data de 22 de outubro de 1844, não bate com o calendário oficial Judaico ou Caraíta para o dia da expiação desse ano.

Vimos que todos os erros relacionados as suas falsas profecias, todas as tragédias, suicídios, mortes e transtornos mentais causados pelo Grande Desapontamento acabaram caindo na conta de Deus e de sua mão que “ocultou” o erro. E agora, mais uma vez, uma nova mudança de ideia, transformando, como um camaleão, a sua antiga doutrina em uma outra diretamente oposta aquilo que havia sido recentemente ensinado.

Iremos mostrar agora, mais uma remoção de máscara dos anais da história adventista, algo que muitos defensores da igreja desconhecem, e os poucos que estão cientes temem sobremaneira que tal “segredo” seja revelado. Isso porque esse recôndito da alma da Igreja Adventista ataca diretamente (e derruba) qualquer argumento a favor do ministério profético de Ellen White. Não que realmente precisássemos de mais um argumento, vide as inúmeras provas já apresentadas. Contudo, os próximos versos demonstrarão, sem sombra de dúvidas, que James e Ellen White, além de diversos outros pioneiros adventistas da época, voltaram a aderir a doutrina da Porta Fechada no período entre dezembro de 1844 até outubro de 1851.

“Tinham uma luz brilhante colocada por trás deles no começo do caminho, a qual um anjo me disse ser o “clamor da meia-noite”. Essa luz brilhava em toda extensão do caminho, e proporcionava claridade para seus pés, para que assim não tropeçassem. Se conservavam o olhar fixo em Jesus, que Se achava precisamente diante deles, guiando-os para a cidade, estavam seguros.

Mas logo alguns ficaram cansados, e disseram que a cidade estava muito longe e esperavam ter entrado nela antes. Então Jesus os animava, levantando Seu glorioso braço direito; e de Seu braço saía uma luz que incidia sobre o povo do advento, e eles clamavam: “Aleluia!” Outros temerariamente negavam a existência da luz atrás deles e diziam que não fora Deus quem os guiara tão longe. A luz atrás deles desaparecia, deixando-lhes os pés em densas trevas; de modo que tropeçavam e, perdendo de vista o sinal e a Jesus, caíam do caminho para baixo, no mundo tenebroso e ímpio. Era tão impossível para eles [os que abandonaram a fé no movimento de 1844] voltarem ao caminho e irem para a cidade, como para todo o mundo ímpio que Deus havia rejeitado. Eles caíram ao longo de todo o caminho um após outro.

Logo ouvimos a voz de Deus semelhante a muitas águas, a qual nos anunciou o dia e a hora da vinda de Jesus. Os santos vivos, em número de 144.000, reconheceram e entenderam a voz, ao passo que os ímpios julgaram fosse um trovão ou terremoto. Ao declarar Deus o tempo, verteu sobre nós o Espírito Santo, e nosso rosto brilhou com esplendor da glória de Deus como aconteceu com Moisés, na descida do Monte Sinai.”( White, Ellen, “To the Remnant Scattered Abroad,” em A Word to the “Little Flock”, 30 de maio de 1847, pág. 14. Reproduzido por George Knight em The Rise of Sabbatarian Adventism, pág. 172 e Dale Ratzlaff em Cultic Doctrine of Seventh Day Adventists, pág 122) Ellen G White.

Esse texto é parte da famosa primeira visão de Ellen White, reproduzida em diversos livros que foram traduzidos para o português como “Primeiros Escritos”, “Vida e Ensinos” e “Mensagens Escolhidas Vol. 1”. Contudo, note que os tradutores, não foram completamente honestos em sua tradução do original escrito por Ellen White. O primeiro texto em negrito colocado por nós mostra a frase mais importante em relação à doutrina da Porta Fechada, que foi deixada completamente de fora dos livros brasileiros! O motivo dessa remoção ficará bem claro a seguir.

“Era tão impossível para eles voltarem ao caminho e irem para a cidade, como para todo o mundo ímpio que Deus havia rejeitado. Eles caíram ao longo de todo o caminho um após outro.”

Essa frase é crucial para a interpretação correta dessa visão. Ellen White deixa claro aqui duas coisas:

  1. Seria impossível para todos aqueles que haviam negado a mensagem Milerita, ou a sua reinterpretação (juízo investigativo) que houvesse qualquer tipo de salvação;
  2. Deus havia rejeitado todos os ímpios. Além disso, nós também deixamos em negrito alguns outros pontos importantes dessa visão que não iremos entrar em maiores detalhes agora.

Haverá um capítulo específico para lidar com os devaneios e heresias de Ellen White. Contudo, é importante ao leitor que seja feito uma anotação mental do segundo e terceiro negrito efetuado no texto acima. Reproduzimos eles aqui novamente: “Logo ouvimos a voz de Deus semelhante a muitas águas, a qual nos

anunciou o dia e a hora da vinda de Jesus. Os santos vivos, em número de 144.000, reconheceram e entenderam a voz (…)”

Pois bem, dando sequência a essa problemática da porta fechada segue mais um texto que corrobora o ensinamento dessa doutrina dada por Ellen White após dezembro de 1844. Em uma carta escrita para Joseph Bates, Ellen afirma que foi uma de suas visões (a segunda) a respeito da porta fechada que fez com que um grupo de fiéis em Portland abandonasse o erro de não aceitar a doutrina da Porta Fechada: “Por fim, minha alma parecia estar em agonia e, enquanto ela falava, caí da cadeira no chão. Foi então que tive uma visão de Jesus subindo de Seu trono mediador e indo Santíssimo como Noivo para receber Seu reino. Todos estavam profundamente interessados na visão. Todos eles disseram que tudo aquilo era totalmente novo para eles. O Senhor trabalhou com grande poder, colocando a verdade em seus corações. A maioria deles recebeu a visão e aceitaram o ensino sobre a porta fechada.”(142 A.L. White, Ellen G White and the Shut Door Question, Letter 3, 1847, pág. 49-51. Publicado também no livro de Desmond Ford, Daniel 8:14, pág. 417-419.)

As duas primeiras visões de Ellen White mostram que apesar de que ela tenha abandonado esse ensino por um curto período, ela o retomou logo em seguida com tal convicção que chegou a publicar suas visões a respeito do assunto. Pois tais visões, aparentemente, haviam corrigido o erro de abandonar tal doutrina.

Agora, na próxima carta que iremos parcialmente reproduzir aqui em português, endereçada a Joseph Bates e escrita pela Sra. White, notem que não apenas nós concluímos que a remetente deixa claro que ela havia solidificado a sua posição a favor da doutrina da Porta Fechada, como também alguns outros detalhes muito interessantes que sem sombra de dúvida saltarão aos olhos do leitor.

Veja a seguir parte da carta de Ellen White a Joseph Bates: “Talvez você queira que eu faça uma declaração a respeito das duas visões que eu tive. Na época, que eu tive a visão sobre o Clamor da Meia-Noite, eu havia desistido (de ensino da porta fechada) porém a repensei na sequência, assim como também a maioria do grupo. Não sei a que horas J. Turner escreveu seu artigo. Eu sabia que ele tinha uma cópia fora de casa e outra dentro de casa, mas eu não sabia o que havia nele, pois não li nenhuma palavra dele. Eu ainda estava muito doente. Não me interessei em ler, pois me dava dor de cabeça e me deixava nervosa. Depois que eu tive a visão e Deus me deu luz, Ele me pediu para entregá-la ao grupo, mas eu me esquivei da responsabilidade. Eu era jovem e pensei que eles não receberiam bem essa visão, vinda de mim. Desobedeci ao Senhor e, em vez de ficar em casa, onde seria a reunião naquela noite, eu fui de trenó na parte da manhã viajando cinco ou seis quilômetros e lá encontrei J. T. [Joseph Turner]. Ele apenas perguntou como eu estava e se estava no caminho de meu trabalho. Eu não disse nada, porque sabia que eu não estava no caminho do meu trabalho. Passei [para] a câmara [quarto] e não o vi novamente por duas horas, quando ele apareceu, perguntou se eu iria para a reunião naquela noite. Eu disse a ele: Não. Ele disse que queria ouvir minha visão e achou que era meu dever ir para casa.

Eu disse a ele que não deveria ir pra casa. Ele não disse mais nada, e foi embora. Eu pensei, e disse aos que estavam ao meu redor, se eu fosse, teria que me opor a seus pontos de vista, pensando que ele acreditava nas mesmas coisas que o resto do grupo. Eu não tinha dito a nenhum deles o que Deus havia me mostrado, e não contei a eles em quais pontos eu haveria de discordar dele. Durante todo o dia sofri muito no corpo e na mente. Parecia que Deus havia me abandonado completamente.

Orei ao Senhor para que Ele me desse forças para voltar para casa naquela noite, e na primeira oportunidade eu entregaria a mensagem que Ele havia me dado. Ele me deu forças e eu voltei para casa naquela noite. A reunião já havia sido realizada há algum tempo e ninguém da minha família me disse uma palavra sobre o que havia acontecido na reunião.

Muito cedo, na manhã seguinte, J. T. ligou, disse que estava com pressa saindo da cidade em pouco tempo e queria que eu contasse tudo o que Deus havia me mostrado em visão. Foi com medo e tremor que contei tudo a ele. Depois que eu terminei, ele disse que havia contado exatamente a mesma coisa na reunião da noite passada. Fiquei alegre, pois esperava que ele se manifestasse contra mim, pois em nenhum momento eu ouvi alguém dizer algo a respeito do que ele acreditava.”( A.L. White, Ellen G White and the Shut Door Question, Letter 3, 1847, pág. 49-51. Publicado também no livro de Desmond Ford, Daniel 8:14, pág. 417-419.)

Pois bem, após análise do texto acima, podemos concluir o seguinte:

  • A Sra. White entrou na casa do Sr. Turner e ali ficou, por duas horas no mínimo, aparentemente sozinha; • Ela sabia que o artigo escrito pelo Sr. Turner estava dentro da casa dele. Ou ela viu o artigo ali, ou alguém havia contado a ela sobre isso;
  • Ela teve o tempo necessário e a oportunidade de ler o artigo caso assim quisesse;
  • Nós sabemos que ela possuía um grande interesse a respeito do assunto escrito no artigo pelo Sr. Turner;
  • Apesar do profundo interesse que ela tinha a respeito do assunto, ela alega que não leu o artigo porque isso dava a ela “dor de cabeça”;
  • Como ela sabia que ler tal artigo lhe daria “dor de cabeça” se de fato em nenhum momento ela efetivamente leu tal artigo?
  • Naquela mesma noite Ellen chegou a sua própria casa onde a reunião com o Sr. Turner, já havia acontecido;
  • Ela alega que ninguém de sua própria família, comentou absolutamente nada a respeito do que foi dito na reunião pelo Sr. Turner, apesar do profundo interesse que ela e sua família tinham sobre o assunto;
  • Quando ela finalmente relata ao Sr. Turner, a visão que havia recebido “de Deus”, ele responde dizendo a ela que tal visão foi exatamente o que ele havia apresentado na reunião que havia ocorrido na noite passada na casa da família de Ellen White, minutos antes dela chegar.

Nós iremos apresentar um capítulo inteiramente dedicado a Ellen White e seus plágios, heresias e devaneios, contudo deixamos aqui apenas esse pequeno exemplo de como funcionava o modus operandi de Ellen White. É extremamente difícil de acreditar que Ellen não deu ao menos uma olhada no artigo escrito por Turner tendo estado em sua casa, sozinha por duas horas, visto o tamanho do interesse que ela tinha sobre o assunto. Fica ainda mais difícil de acreditar que nenhum de seus familiares relatou nem ao menos uma palavra a respeito da reunião que havia sido realizada em sua própria casa, sobre um assunto que era tão polêmico entre os adventistas da época e que muito interessava tanto a ela quanto aos seus familiares.

Além disso, o próprio Sr. Turner, logo após esse incidente se tornou um grande inimigo e opositor de Ellen White e não dava a ela nenhum crédito a respeito de suas alegações de inspiração divina. Teria sido pelo plágio tácito sofrido por ele e perpetrado pela Sra. White?

Não há absolutamente nenhuma dúvida a respeito dos plágios cometidos por Ellen White. Isso ficou muito claro no clássico livro do expastor adventista Walter Rea “A Mentira Branca”. Aqui existem grandes sinais de que a mesma coisa provavelmente aconteceu com a visão em questão. Com o histórico de Ellen White, tudo aponta para isso. Mas iremos nos demorar a respeito do assunto dos plágios mais adiante.

Por enquanto, voltemos ao assunto da Porta Fechada. Nós já vimos pela carta acima que Ellen concordava com J. Turner. Contudo, como podemos ter certeza que J. Turner realmente acreditava nesse ensino da Porta Fechada? Temos certeza, exatamente por termos acesso a um artigo escrito por J. Turner e A. Hale no periódico The Advent Mirror em janeiro de 1845, que tenta explicar a parábola das dez virgens argumentando em favor da doutrina da Porta Fechada. Vejamos a seguir parte do artigo:

“Mas algum pecador pode ser convertido se a porta da graça estiver fechada? É claro que não podem, embora possam ocorrer mudanças que possam parecer conversões. O estado da humanidade diante de Deus seria o mesmo dos casos em que comunidades foram entregues a Deus para a destruição… Mas pensar em trabalhar para converter as grandes massas do mundo naquele momento seria tão inútil quanto teria sido quando os israelitas, quando estavam no mar vermelho, se voltaram para converter os egípcios.”( A. Hale; J. Turner, The Advent Mirror, Vol. 1, Num. 1, jan. 1845, como também foi reproduzido no livro de George Knight, Rise of Sabbatarian Adventism, pág. 133-136 e no livro de Dale Ratzlaff, The Cultic Doctrine of the Seventh Day Adventists, pág. 125.)

Não somente Ellen White concordava com a afirmação acima de J. Turner (ao ponto de copiá-la) como também o seu marido, James White, veementemente compartilhava dos mesmos sentimentos que ela, o que deixou muito evidente no texto escrito por ele e transcrito abaixo:

“Quando chegamos nesse período do tempo (após 22 de outubro de 1844), toda a nossa simpatia, fardo e orações pelos pecadores terminaram, e o sentimento e testemunho unânime era de que o nosso trabalho pelo mundo havia terminado para sempre. ‘Pois, assim como Ele é, nós semelhantemente somos nesse mundo’. 1 João 4:17. Os ramos vivos na terra simpatizarão e se moverão em conjunto com a videira verdadeira no céu. A razão pela qual os ramos vivos sentiram que seu trabalho foi realizado pelo mundo, foi porque os 2300 dias haviam terminado e havia chegado a hora para Jesus fechar a porta do Lugar Santo e passar para o Lugar Santíssimo, a fim de receber o Reino e purificar o santuário. Essa mudança, tão  aravilhosamente descrita em Daniel 7:13, 14, responde à vinda do noivo e da porta fechada, na parábola (das dez virgens de Mateus 25).

Ele ainda é misericordioso com seus santos, e sempre será; e Jesus ainda é seu advogado e sacerdote. Mas o pecador, a quem Jesus estendeu os braços todo esse tempo, e que rejeitou as ofertas de salvação, ficou sem advogado, quando Jesus saiu do Santo Lugar e fechou a porta em 1844. A igreja apostatada, que rejeitou a verdade [essa verdade sendo o clamor da meia noite de 1844 e depois a sua reinterpretação sobre a doutrina do santuário], também foram rejeitados e feridos pela cegueira, e agora, ‘com seus grupos e com os seus rebanhos’, vão ‘buscar o Senhor’ como ainda um defensor dos pecadores; mas, diz o profeta: [Oséias 6, 7] eles não O encontrarão; Ele SE RETIROU deles. Eles agiram traiçoeiramente contra o Senhor; porque eles tiveram filhos estranhos. A razão pela qual eles não encontram o Senhor é simplesmente por isso: eles O procuram onde Ele não está; ‘Ele se retirou’ para o Lugar Santíssimo. O profeta de Deus chama seus convertidos criados pelo homem de ‘Estranhos Filhos’; agora uma boca os devorará e as suas porções.

Diz o opositor: ‘Eu acredito que Jesus ainda está no propiciatório’. Em resposta a essa afirmação, deixe-me dizer; Jesus nunca esteve no propiciatório, e nunca estará. O propiciatório está no Lugar Santíssimo, onde Jesus entrou no final dos 2300 dias. Sua posição está sobre a arca dos dez mandamentos; e sobre ela estão os querubins da glória. Diante do propiciatório, nosso Grande Sumo Sacerdote apresenta Seu sangue por Israel”.( White, James. The presente Truth, maio de 1850, publicado por Desmond Ford em seu livro Daniel 8:14, pág. 351, 352.)

Além das provas já destacadas anteriormente que evidenciam a posição de Ellen White a respeito desse assunto, gostaríamos de apresentar mais uma (dentre várias utras disponíveis) que iremos, particularmente, analisar com um pouco mais de detalhe. Mas por que seria tão necessário nos aprofundarmos tanto nesse tópico? Porque ao demonstrar tamanha aberração que foi ensinada por Ellen White por diversos anos (no mínimo entre 1844 e 1851), deixaremos claro, mais uma vez que essa senhora nunca foi boca de Deus nessa terra. Seria impossível que uma profetisa verdadeira de Deus pudesse ensinar que o mundo todo estava perdido nessa época (incluindo os cristãos que não aceitaram a mensagem de 1844). Como é possível que ainda existam seguidores de alguém que ensinou tamanha heresia por tanto tempo? Analisemos o texto a seguir:  “Eu vi a verdadeira luz sobre esses textos. Vi que essa repreensão foi dada por Jesus aos fariseus e judeus, que estavam cheios de justiça própria e só cumprimentavam ou falavam com aqueles que estavam tão cheios de justiça própria e hipocrisia quanto eles mesmos; e negligenciavam completamente e passavam direto por aqueles que não ganhavam tanto quanto eles, e que não recebiam as mesmas saudações nas praças como eles recebiam. Vi que o que Cristo fazia por eles não se aplicava de forma alguma ao nosso tempo – no qual estamos vivendo agora.

Depois, vi que Jesus orou por seus inimigos; mas isso não deve nos levar a orar pelo mundo iníquo, que Deus havia rejeitado – quando ele orou por seus inimigos, havia esperança para eles, e eles poderiam ser beneficiados e salvos por suas rações, e também depois quando ele foi um mediador no pátio externo para o mundo inteiro; mas agora seu espírito e simpatia foram retirados do mundo; a nossa simpatia deve estar com Jesus e deve ser da mesma forma retirada dos ímpios.

Vi que Deus amava seu povo – e, em resposta às orações, choveria sobre justos e injustos – vi que, em outro tempo, ele regava a terra e fazia o sol brilhar para os santos e os iníquos. Pelas nossas orações, o nosso Pai enviava chuva sobre os injustos, enquanto ele também enviava sobre os justos. Contudo, eu vi que, agora, os ímpios não podiam ser beneficiados por nossas orações – e, embora ele tenha enviado isso aos injustos, ainda assim o dia deles estava chegando.

Vi então que as escrituras não ensinavam que devemos amar os ímpios a quem Deus havia rejeitado, mas sim, o que ele quis dizer é que “nosso próximo” significa “aqueles da nossa própria casa”, e nada além disso; no entanto, vi que não deveríamos praticar nenhuma injustiça aos ímpios ao nosso redor; – Mas nossos vizinhos a quem devemos amar eram aqueles que amavam a Deus e o serviam.”( Canright, The Life of Mrs. E. G. White, pág 127.)

Após análise desse texto, chegamos às seguintes conclusões:

  1. Ellen White estava ensinando os seus seguidores a não interceder pelos ímpios, pois Deus os havia rejeitado. Apesar de Jesus ensinar que nós devemos orar pelos nossos inimigos, Ellen diz exatamente o contrário. Pois, segundo ela, Deus já não daria mais nenhuma chance para essas pessoas. Ocorre que Deus não rejeitou esse mundo. Na verdade, Ele enviou Seu Filho, para morrer por nós, pecadores, para que pudéssemos ser salvos. Cristo não veio para os santos perfeitos, mas sim para os pecadores, cheios de erros como eu e você. Ou seja, basicamente, Ellen White ensina aqui que o seu grupo não deveria seguir o exemplo de Jesus de orar por seus inimigos, mas sim o exemplo dela que era contrário ao de Cristo.

Essa foi uma das “revelações de luz” que ela disse haver recebido sobre o texto bíblico, nesse caso o de Mateus 5:44: “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos nimigos e orai pelos que vos perseguem”.

  1. Outra pérola deixada por Ellen nesse texto é a de que o “espírito (de Cristo) e sua simpatia foram retirados do mundoe que “a nossa simpatia deve estar com Jesus e deve ser da mesma forma retirada dos ímpios”. Aonde mesmo na Bíblia é dito que Deus retirou o Seu Espírito do mundo? Não somente isso, mas que nós deveríamos fazer o mesmo que Ele? Imaginem vocês se todos os cristãos seguissem o conselho de Ellen White? Não existiria mais nenhum intercessor nesse planeta! Não só isso, como ninguém mais sentiria a presença de Deus nessa Terra. Será que essa mulher era realmente uma “Mensageira do Senhor”? Se essas “grandes revelações” não vieram de Deus, de quem será que elas podem ter vindo?
  2. “Contudo, eu vi que, agora, os ímpios não podiam ser beneficiados por nossas orações”. Se você caro amigo, acredita em Ellen White, por favor, pare de orar imediatamente por seus amigos, colegas e parentes que ainda não estão salvos. De que adiantaria?

Interessante notar que mais uma vez ela diretamente contradiz a Palavra do Senhor. Vejamos o que diz Rom 5:10: “Ora, se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com Ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais no presente, havendo sido feitos amigos de Deus, seremos salvos por sua vida.”

  1. “Vi então que as escrituras não ensinavam que devemos amar os ímpios a quem Deus havia rejeitado, mas sim, o que ele quis dizer é que “nosso próximo” significa “aqueles da nossa própria casa”, e nada além disso”. Imaginem a alegria de Satanás ao ler esse texto escrito por uma autoproclamada “Mensageira do Senhor”. O ensinamento, portanto, era o de não mais pregar o evangelho pra ninguém! Depois do fiasco de 1844, Ellen White e os pioneiros adventistas, ensinavam que a porta da graça havia se fechado para o mundo todo, menos aqueles que aderiram ao movimento de 1844.

Sendo assim, eles não perdiam mais tempo pregando o evangelho aos ímpios que estavam no mundo, mas sim com os Mileritas, a quem a todo o custo eles tentavam trazer para dentro do seu movimento da “porta fechada”.

Ocorre que William Miller reconheceu que nada de profético havia acontecido em 1844 e ao invés de se meter em outras peripécias apocalípticas ou devaneios escatológicos sem sentido, ele e seu pequeno grupo Batista passaram a pregar o evangelho simples ao mundo. Pobre Miller. Ele não passou no teste de Ellen White que o acusou de ser um falso reformista por não adotar a sua teoria da “porta fechada”.

  1. A Sra. White adotou o termo “Eu vi” ou “Vi”, dez vezes durante essa narrativa de sua “visão”. Essa era uma tática muito utilizada por ela para impressionar aqueles que leriam tais textos no futuro.

Contudo, absolutamente nenhuma parte dessa visão foi verdadeira. Fazendo dela, mais uma vez, uma notória falsa profetisa. Joseph Bates, um dos pioneiros da IASD – por quem, aliás, veio a ideia da guarda do sábado como dia sagrado – também deixou o seu selo de aprovação quanto a doutrina da porta fechada. Em 1850 ele publicou um artigo a respeito do santuário que dizia o seguinte:

“Os 2300 anos se completaram no outono de 1844 (…). Ali o Seu (Cristo) trabalho terminou com relação a sua ministração de intercessão pelo mundo todo, para sempre (…). Ali a porta foi fechada.”( Ver Canright, The Life of Mrs. E. G. White, pág. 112.)

Não contente em fechar a porta da redenção para o mundo todo, com exceção do pequeno rebanho adventista, Bates decide também quanto tempo levará o tempo da expiação dos pecados que estão no céu, daqueles que foram escolhidos por Jesus (os adventistas que acreditaram na mensagem de 1844 e do santuário). Segundo ele (corroborado pelo casal White), a expiação duraria 7 anos:

“As sete manchas de sangue no Altar de Ouro e diante do propiciatório, creio com convicção, representam a duração dos procedimentos judiciais contra os santos ivos no Santíssimo, que durante todo esse tempo estarão em aflição, sim, durante esses sete anos. Deus por sua voz os libertará:

‘Porque é o sangue que faz expiação pela alma’. Levítico 17, 11. Então o número sete encerrará o dia da expiação, (não redenção). Esse é o período de duração da terceira mensagem angélica. E nos seis últimos meses deste período de tempo, eu entendo, Jesus irá realizar a sua colheita com a sua foice, na nuvem branca.”( Bates, Joseph, “The Typical And Anti-typical Sanctuary,” pág. 10-13, 15. Publicado por Canright em “The Life of Mrs. E. G. White”, pág. 113, 114 e por Dale Ratzlaff em “The Cultic Doctrine of the Seventh Day Adventists” pág. 132.)

Mas como sabemos que Ellen White concordava com Joseph Bates sobre o período da expiação ser realizado em 7 anos? Vejamos a sequência dos textos escritos por ela, abaixo:

“Numa visão dada em 27 de junho de 1850, meu anjo acompanhante disse: ‘O tempo está quase terminado. Refletis, como deveis, a amorável imagem de Jesus?’ Foi-me indicada então a Terra e vi que tinha de haver uma preparação da parte daqueles que nos últimos tempos abraçaram a terceira mensagem angélica. Disse o anjo: ‘Preparai-vos, preparai-vos, preparai-vos. Tereis de experimentar uma morte para o mundo, maior do que jamais experimentastes antes’. Vi que havia grande obra a ser feita por eles e pouco tempo para fazê-la.”( White, Ellen, Primeiros Escritos, pág. 64.) “Mas agora o tempo está quase findo, e o que durante anos temos estado aprendendo, eles terão de aprender em poucos meses.”( White, Ellen, Primeiros Escritos, pág. 67.)

Em outra visão que ela teve em setembro de 1850 ela “viu” o seguinte: “Vi que o tempo para Jesus permanecer no lugar santíssimo estava quase terminado e esse tempo podia durar apenas um pouquinho mais.”( White, Ellen, Primeiros Escritos, pág 57.)

Numa carta escrita para o casal Loveland, em 1 de novembro de 1850, a Sra. White relatou o seguinte: “Minha visão vem à minha frente e as palavras do anjo agora parecem ecoar em meus ouvidos: Prepare-se, prepare-se, prepare-se. O tempo está

quase terminando, quase terminando, quase terminando. Chore, chore, para que o braço do Senhor seja revelado, para que o braço do Senhor seja revelado. O tempo está quase terminando. O que você faz, você deve fazer rapidamente!”.( White, Ellen, Carta 26, 1850, pág 2, Manuscript Releases, Vol. 8, pag. 222, 223.)

Numa outra carta escrita por sua irmã, Sarah B. Harmon, para a Sra. P. D. Lawrence, em 29 de julho de 1850 havia o seguinte texto: “Eu creio que esse será o último inverno que veremos antes que Cristo, o nosso Sumo Sacerdote, volte. Oh, vamos viver para Deus em fiel sacrifício para Ele.”( Canright, The Life of Mrs. E. G. White, pág. 117.)

Fica claro nesses últimos textos qual era o pensamento do grupo adventista em relação à doutrina da porta fechada. Eles não só criam nela, como ensinavam a todos que podiam, tal heresia. Além disso, uma visão totalmente distorcida do evangelho e do caráter de Deus e de Jesus era passada para o já combalido “pequeno rebanho”. Quanto mais de abuso espiritual esse povo conseguiria suportar?

Note que Ellen diz em vários de seus textos que o povo adventista deveria “correr” ou “se apressar” para realizar trabalhos de aperfeiçoamento de caráter que levaram anos para outros adventistas serem lapidados. O evangelho de Jesus não nos ensina nada do tipo. O ladrão que estava na cruz e se arrependeu no último momento de sua vida, foi salvo. Não precisou se apressar para aprimorar o seu caráter. O evangelho de Cristo não nos impõe jugos pesados, pelo contrário. Ele nos retira o peso do pecado, e também da ansiedade de “termos que fazer isso e aquilo” para recebermos a nossa recompensa da salvação e nos concede um fardo leve, através do qual

recebemos de graça a água da vida que jorra dEle. O resumo de evangelho é esse:

“Em verdade, em verdade vos asseguro: quem ouve a minha Palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.” João 5:24.

O aperfeiçoamento de caráter ocorre depois disso, naturalmente, pelo trabalho do Espírito Santo em nossas vidas. Em nenhum momento Deus coloca tal aperfeiçoamento como condição de salvação.

“Porquanto, pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem por intermédio das obras, a fim de que ninguém venha a se orgulhar por esse motivo.” Efésios 2:8, 9. “Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos concederá juntamente com Ele, gratuitamente, todas as demais coisas?” Romanos 8:32.

Mas então, que evangelho é esse que Ellen White pregava ao seu fiel grupo de seguidores e que ainda é pregado nas Igrejas Adventistas ao redor do mundo? Seria esse evangelho aquele a que Paulo se referiu em sua carta aos Gálatas:

“Estou chocado de que estejais vos desviando tão depressa daquele que vos chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho, que na verdade, não é o Evangelho. O que acontece é que algumas pessoas vos estão confundindo, com o objetivo de corromper o Evangelho de Cristo. Contudo, ainda que nós ou mesmo um anjo dos céus vos anuncie um evangelho diferente do que já vos pregamos, seja considerado maldito! Conforme já vos revelei antes, declaro uma vez mais: qualquer pessoa que vos pregar um evangelho diferente daquele que já recebestes, seja amaldiçoado!”. Gálatas 1:6-9.

O brilhante ex-pastor adventista, D. M. Canright em seu livro sobre a vida de Ellen White no capítulo “Porta Fechada” faz as seguintes ponderações: Será que foi realmente Cristo e o Espírito Santo que levaram esses fundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia a perder por anos todo o seu fardo e simpatia pelos pecadores a ponto de deixar de orar por eles? Será que Cristo estava os guiando quando eles ensinaram que Ele não era mais um amigo dos pecadores? Será que Jesus estava os guiando quando eles ensinavam que ele não era mais um defensor dos pecadores, e que o mundo inteiro havia sido rejeitado por Deus, deixado sem o Espírito Santo, entregue a Satanás, e que todas as igrejas, exceto as suas, eram a

sinagoga de Satanás, castelos do diabo, de fato? Será que foi realmente um anjo vindo de Deus que contou a Sra. White toda essa mensagem inteiramente falsa? Tal teoria parece blasfêmia. Se Deus não os guiou com relação a isso, será que Ele os guiou depois disso? Será que Ele está os guiando agora?( Como também transcrito por Dale Ratzlaff em seu livro “The Cultic Doctrine of Seventh-Day Adventists”, págs. 134-135.)

A Porta Da Graça Adventista Se Abre Novamente Mas depois de tantas visões e revelações “vindas de Deus” para a Sra.

White, qual foi o motivo que levou a uma nova abertura dessa porta da graça? E principalmente, como eles conseguiram fazer isso e ainda assim manter a credibilidade e autoridade profética da Sra. White?

Tentaremos a princípio responder a segunda pergunta.

Querido leitor, acredito que com o que foi apresentado até aqui, fica claro que nós nunca devemos subestimar o poder da autonegação psicológica que um ser humano pode impor a si mesmo. Aquele que quer ser enganado será enganado. Além disso, fica claro que Ellen White possuía um alto poder de persuasão sobre os seus liderados. É possível afirmar até mesmo que havia algum poder sobrenatural que a impulsionava e a ajudava em suas peripécias religiosas.

Claramente, esse poder não vinha do Deus verdadeiro. Isso ocorreu não só com ela, mas com a grande maioria de líderes de seitas religiosas ao longo do tempo. Além disso, o grupo adventista estava se tornando cada vez mais exclusivista e orgulhoso, por terem sido tão traumatizados no passado. E quanto mais eles se enfiavam na toca do coelho que Ellen havia criado, mais difícil se tornava para que eles pudessem voltar para a superfície da realidade e abraçar a luz da verdade. Sendo assim, o  pequeno rebanho” se tornava a cada dia que se passava, mais cego espiritualmente.

Eles passaram então a serem movidos puramente pelas interpretações bíblicas e visões de Ellen White que, invariavelmente, encontravam algum muro de concreto fático e teológico. Porém, quando isso ocorria, suas visões davam uma volta de 180 graus e se autocontradiziam sem qualquer tipo de pudor moral e ético.

Mas então, qual foi o fator que os levou a abrirem a porta da graça novamente?

A Porta Se Abre Sutilmente Para As Crianças Adventistas Nós mostramos que a princípio, os pioneiros adventistas não acreditavam que ninguém poderia se converter ou ser salvo após 1844, com exceção daqueles que aceitaram as mensagens dos adventistas. Ninguém mais poderia se salvar, pois a porta da graça estava fechada pelo próprio Deus.

Ocorre que os adventistas começaram a se deparar com um dilema. Crianças adventistas começaram a nascer e a crescer. E agora, como resolver essa questão? Esses pequeninos estariam então perdidos? Além disso, os 7 anos da expiação que havia se iniciado em 1844 já haviam passado. E Cristo não havia voltado novamente. Então, como ficariam essas crianças?

Estariam elas condenadas? Não somente isso, mas os líderes adventistas notaram que tal ensino havia sido um grande “tiro no pé”. Afinal de contas, como eles poderiam fazer com que o grupo de fiéis crescesse dessa forma?

Essa foi uma espécie de “evangelismo às avessas”.

Bem, nada como um dia após o outro e uma “profetisa” com acesso direto a Deus para resolver mais esse dilema.

Ellen White, no livro “The Spirit of Prophecy” Vol. 4, tentou resolver a questão, ao menos para as crianças. Vejamos como ela conseguiu sair dessa difícil situação:

“Após o tempo de expectativa, em 1844, os adventistas ainda acreditavam que o Salvador viria muito em breve; eles entenderam que estavam vivendo um momento muito importante e que a obra de Cristo como intercessor do homem diante de Deus havia cessado. Tendo dado o aviso de que o dia do Julgamento estava próximo, eles entenderam que o seu trabalho de intercessão pelo mundo havia terminado e perderam seu fardo de alma pela salvação dos pecadores, enquanto a zombaria ousada e blasfema dos ímpios lhes parecia outra evidência de que o Espírito de Deus havia sido retirado dos rejeitadores de sua misericórdia. Tudo isso os confirmou na crença de que o período da expiação havia terminado ou, como eles a expressavam, ‘a porta da graça estava fechada’.”( White, Ellen, The Spirit of Prophecy, Vol. 4, pág. 268.)

“Mas uma luz mais clara veio com a investigação da questão do santuário. Agora foi vista a aplicação daquelas palavras de Cristo no Apocalipse, dirigidas à igreja exatamente neste momento: ‘Estas coisas dizem quem é santo, quem é verdadeiro, quem tem a chave de Davi, quem abre e nenhum homem fecha, fecha, e ninguém abre; Eu conheço as tuas obras; eis que pus diante de ti uma porta aberta, e ninguém pode fechá-la’. [Apocalipse 3: 7, 8.] Aqui uma porta aberta e uma porta fechada é vista. No final dos 2300 dias proféticos em 1844, Cristo mudou seu ministério do santo para o santíssimo. Quando, no ministério do santuário terrestre, o sumo sacerdote no dia da expiação entrou no lugar mais sagrado, a porta do lugar sagrado foi fechada e a porta do santíssimo foi aberta. Portanto, quando Cristo passou do santuário para o santuário celestial, a porta ou ministério do antigo apartamento foi fechada e a porta ou ministério do último foi aberta. Cristo havia encerrado uma parte de sua obra como nosso intercessor, para entrar em outra parte da obra; e ele ainda apresentou seu sangue perante o Pai em favor dos pecadores. ‘Eis que ele põe diante de ti uma porta aberta, e ninguém pode fechá-la’.

Aqueles que pela fé seguem Jesus na grande obra da expiação, recebem os benefícios de sua mediação em favor deles; mas aqueles que rejeitam a luz que há nesse trabalho de Seu ministério, não são beneficiados por ele.”(White, Ellen, The Spirit of Prophecy, Vol. 4, pág. 269.)

Mais uma vez, a hábil pena de escrita de Ellen White, resolve como em um passe de mágica, ao menos o problema das crianças adventistas. A Sra. White se utiliza de um verso fora de contexto (Ap 3:7, 8) para abrir uma porta onde ela não existia. Contudo, outro problema surgiria.

O que poderia ser feito a respeito daqueles que não eram mais crianças, mas queriam fazer parte do movimento? Isso começou a acontecer, pois mulheres e homens estavam se casando e queriam trazer os seus cônjuges para a fé adventista. Somente uma pessoa poderia resolver essa questão. O Espírito Santo? Jesus? Deus Pai através de sua Palavra escrita? Negativo.

Ellen White viria novamente para salvar os seus seguidores dos problemas que ela mesma havia criado.

“Olhando para os últimos dias, o mesmo infinito poder declara, com relação aos que ‘não receberam o amor da verdade para serem salvos’: ‘É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.’ Como rejeitassem os ensinos de Sua Palavra, Deus retirou o Seu Espírito, e deixou-os entregues aos enganos que amavam. Mas Cristo ainda intercede em favor do homem, e luz será dada aos

que a procuram.”( White, Ellen, The Spirit of Prophecy, Vol. 4, pág. 271.)

“Por um curto período, os adventistas se uniram na crença de que a porta da graça estava fechada. Esta posição foi logo abandonada”.( White, Ellen, The Present Truth, Agosto de 1849, pág. 22. Publicado por Desmond Ford, Daniel 8:14,pág. 356.)

investigativo/santuário celestial: “mas aqueles que rejeitam a luz que há nesse trabalho de Seu ministério, não são beneficiados por ele”; (White, Ellen, The Spirit of Prophecy, Vol. 4, pág. 269.)

  1. A Sra. White diz que os adventistas não haviam entendido completamente a noção da porta da graça estar parcialmente aberta, parcialmente fechada. Ocorre que ela nunca deixa claro que o motivo pelo qual os adventistas não compreendiam corretamente tal conceito, era porque ela mesma havia ensinado que tal porta estava completamente fechada e que não somente isso, mas que Deus havia dado visões a ela para corroborar divinamente tal ensino; (Conforme inferido por Dale Ratzlaff em “The Cultic Doctrine of The Seventh-Day Adventists”, págs. 141, 142.)

Caro leitor, fazendo um paralelo com os profetas bíblicos, existe algum profeta que teve a sua história relatada dentro do cânon, apenas um sequer, que apresente um paralelo, mesmo que remotamente parecido com o que nós pudemos presenciar no ministério de Ellen White até aqui?

Que profeta teve visões de Deus que mais a frente, tiveram interpretações completamente opostas aos seus entendimentos iniciais?

Que profeta bíblico, citou textos das Escrituras que depois tiveram que ser descartados por ele, por não mais terem uma aplicação válida dentro de sua atual realidade? Quantos profetas verdadeiros de Deus fracassaram em todas as suas predições, erraram em seus ensinos, e ainda assim continuaram sendo chamados de profetas verdadeiros de Deus?

Pelo contrário, o que vemos na Bíblia a respeito desse tipo de profeta é o seguinte:

“Talvez venhas a questionar em teu coração: ‘Como vamos saber se tal palavra não é uma Palavra do SENHOR?’ Se o profeta fala em o Nome de Yahweh, mas a palavra não se cumpre, não se torna realidade, tratase então de uma palavra falsa, que o SENHOR jamais pronunciou. Tal pessoa falou com arrogância. Não o temas!” Dt 18:21, 22.

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Extraído do Livro DESCORTINANDO O ADVENTISMO, G. PERSIO, ED JOCUM

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Pr. Flávio Nunes

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