“Benefícios da vacina da AstraZeneca superam riscos”, diz diretora da Agência Europeia de Medicamentos

by @prflavionunes

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Emer Cooke, diretora da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês), reiterou nesta terça-feira sua confiança nas questionadas vacinas da AstraZeneca contra a covid-19. “Continuamos convencidos de que os benefícios desta vacina superam os riscos”, afirmou Cooke numa entrevista coletiva extraordinária, via teleconferência, na qual explicou os próximos passos a serem dados pela agência reguladora da UE depois que pelo menos 16 países suspenderam ou limitaram a vacinação com o imunizante do laboratório anglo-sueco.

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Nesta segunda-feira, Espanha, Alemanha, França e Itália seguiram o exemplo de outros países do continente e suspenderam temporariamente o uso da vacina da AstraZeneca, à espera de um pronunciamento dos especialistas da agência, com sede em Amsterdã. A decisão das diversas autoridades nacionais ocorre devido a suspeitas de que o medicamento poderia ter relação com casos de trombose e embolias, alguns dos quais letais.

A EMA está investigando se existe “uma relação causal” entre as vacinas desse laboratório e os incidentes detectados. Até o momento, todos os indícios levam a crer que não, mas só na quinta-feira serão divulgadas conclusões mais detalhadas.

Cooke destacou que os episódios foram detectados “em um pequeno número de pessoas”, quando se sabe que “muitos milhares” desenvolvem coágulos e embolias anualmente, “por muitas razões”. Estes casos, por enquanto, “não parecem superiores aos da população geral”, informou.

Diante da urgência médica, o Comitê de Avaliação de Riscos de Vigilância Farmacológica da EMA se reuniu nesta terça em um encontro convocado especificamente para esse fim, segundo a diretora, com a intenção de prosseguir com a análise dos dados que chegam sem parar dos diferentes países do bloco. Suas recomendações sairão dentro de dois dias.

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Cooke disse que nenhuma hipótese está sendo descartada na investigação. Os especialistas estão seguindo pistas a partir de alguns lotes concretos das vacinas, analisando o processo de produção nas fábricas europeias e, ao mesmo tempo, repassando a informação clínica geral e individual dos casos notificados pelos países, tentando averiguar se o imunizante poderia afetar apenas determinados subgrupos populacionais.

A diretora não quis mencionar cifras do número de casos que estariam sob investigação. Em um comunicado da semana passada, a EMA informava que haviam sido relatados 30 episódios tromboembólicos após serem administrados quase cinco milhões de doses da vacina da AstraZeneca na UE. Esse número, segundo ela deu a entender, seria ligeiramente superior agora. Ela também incentivou a população e as autoridades médicas a notificarem qualquer caso suspeito.

Cooke não quis comentar as decisões dos Estados-membros da UE de suspenderem a vacinação com o produto da AstraZeneca. “Entendo que estão claramente esperando nossa opinião”, afirmou. “É uma responsabilidade que levamos muito a sério”. A EMA está consciente de que o assunto pode ser decisivo na batalha entre o ceticismo e a credibilidade dos cidadãos em relação às vacinas. “Nosso trabalho é que se mantenha a confiança sobre a base de uma avaliação científica adequada”, acrescentou.

Presidente da Fiocruz minimiza preocupação com vacina

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, minimizou nesta terça-feira, as preocupações em torno da suspensão da aplicação da vacina da AstraZeneca em países da Europa por efeitos adversos.Trindade destacou que, tanto a EMA quanto a OMS, não recomendam a interrupção da vacinação. “EMA e OMS não recomendaram a interrupção, mas são cautelas dos países que devem ser respeitadas e observadas”, afirmou durante reunião na Câmara dos Deputados. “Os eventos relatados são num número menor do que seria observado inclusive em relação à população ou grupos que normalmente têm esses eventos, independentemente da vacinação”, ressaltou.

A presidente também criticou a forma de distribuição desigual das vacinas pelo mundo. “[É preciso] repensar essa ordem global de países ficarem, muitas vezes, com cinco vezes o número de vacinas com o seu país e, uma nação como a nossa, que enfrenta dificuldades com o agravamento da pandemia, não possamos ter um número maior de doses”, afirmou. (Com informações da Agência Brasil)

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