Contrário à cloroquina, Marcelo Queiroga será o quarto ministro da Saúde na pandemia

by @prflavionunes

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O médico cardiologista Marcelo Queiroga será o novo ministro da Saúde. Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, será o quarto titular da pasta na pandemia e assume no pior momento da crise sanitária, com recorde de mortes e do número de Estados com sistemas de saúde colapsados ou próximos ao colapso. Ele substituirá o general Eduardo Pazuello, cuja gestão foi marcada por alinhamento incondicional com o Planalto e problemas na organização da campanha de vacinação contra a covid-19. A publicação da nomeação de Queiroga deve ocorrer na edição desta terça-feira do Diário Oficial da União.

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O anúncio de que Queiroga aceitou o cargo foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro assim que chegou ao Palácio da Alvorada em conversa com apoiadores no fim da tarde desta segunda-feira. A fala do presidente foi transmitida pelo canal bolsonarista no YouTube Foco do Brasil. Na ocasião, o mandatário elogiou o general Pazuello. “Tem tudo para fazer um bom trabalho, dando prosseguimento em tudo o que o Pazuello fez até hoje.” Sem detalhar, Bolsonaro diz que o seu Governo partirá para uma fase mais agressiva no combate ao vírus.

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A nomeação de Queiroga encerra dias de fritura de Pazuello, em especial nas últimas 24 horas. Em entrevista à Folha de S. Paulo neste domingo, o novo titular da Saúde, que chegou a participar da equipe de transição do Governo Bolononaro, no fim de 2018, afirmou ser contra a utilização da cloroquina, uma das obsessões de Bolsonaro, no tratamento da covid-19.

O cardiologista diz que não é possível “inventar a roda” no combate à pandemia, mas terá no Planalto um obstáculo se quiser usar a fórmula que tem sido aplicada em todo o mundo para conter os danos da pandemia: lockdown e uso de máscaras, por exemplo. O mais recente médico que havia passado pela pasta, Nelson Teich, deixou o posto apenas 29 dias depois de assumi-lo justamente por divergências com Bolsonaro.

Outro desafio de Queiroga é acelerar a vacinação no Brasil num contexto de disputa global por doses, uma corrida em que o país chega atrasado. Até o momento e mesmo tendo um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, o SUS, menos de 5% da população brasileira foi vacinada, contra índices robustos nos EUA (cerca de 20%) ou Chile (mais de 16%).

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