Edmilson Rodrigues vence em Belém e assegura capital para PSOL

by @prflavionunes

Edmilson Rodrigues (PSOL) é eleito prefeito de Belém, no Pará. Com 98,56% das seções apuradas, Rodrigues contabiliza 51,76% dos votos válidos e está matematicamente eleito. O candidato do PSOL venceu Everaldo Eguchi (Patriota), um ex-delegado da PF que faz discurso anti-corrupção na capital do Pará. A disputa começou acirrada, mas pesquisas recentes já mostravam Edmilson Rodrigues, que governou a cidade pelo PT entre 1997 e 2004, à frente.

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Com a vitória, Edimilson Rodrigues assegura uma capital para o PSOL, o partido de esquerda que se impôs também no segundo em São Paulo, com Guilherme Boulos. Arquiteto e geógrafo, além de professor da Universidade Federal Rural da Amazônia, Rodrigues deixou o PT após o mandatos em Belém para fundar a nova sigla.

Apesar de ser um velho conhecido na cidade, Rodrigues não tem apostado na nostalgia dos velhos tempos. Seu lema de campanha é “Belém de novas ideias”. Promete que, apesar das restrições financeiras do município, haverá uma “inversão de prioridades” em sua gestão, uma máxima também repetida por Guilherme Boulos na campanha de São Paulo.

Diante de uma economia dependente de serviços, com desemprego que atinge mais de 100.000 pessoas —20% a mais que no ano passado— e um nível alto de informalidade no trabalho, Rodrigues pretende dar novos passos nas políticas sociais. Assim como propõe outras candidaturas de esquerda, promete um programa de renda mínima para a população mais vulnerável e que vá além do Bolsa Família. Seu foco é nas mães solo, nos jovens desempregados ou com trabalho precário e na população negra e indígena. “Queremos fazer a complementação de quem já ganha o Bolsa Família e também chegar naquelas famílias que estão zeradas e não ganham nem isso, através de uma busca ativa dentro dos bairros”, explica.

— O senhor já foi prefeito por oito anos. O que traz de novo?

— Quando falamos em banco do povo e em conceder crédito, os empreendimentos não são de mesma natureza de 16 anos atrás. Pode ser que uma costureira ainda hoje esteja precisando comprar uma máquina de costuras, mas também que jovens desempregados talentosos precisem pensar em uma startup e precisem de investimentos

Derrota do discurso lavajatista

A disputa entre Rodrigues e o delegado Eguchi se apresentara acirrada desde o princípio. No dia 21 de novembro, uma semana antes do segundo turno, os dois apareceram empatados na pesquisa Ibope, com o candidato do PSOL marcando 45% dos votos válidos contra 43% de seu rival do Patriota. Eguchi repetiu o caminho feito pelo ex-juiz Wilson Witzel em 2018, quando se elegeu governador do Rio de Janeiro. O delegado da Polícia Federal começou a disputa sem ser conhecido pela maior parte do eleitorado de Belém. Em 2 de outubro, cerca de um mês e meio antes do primeiro turno das eleições, marcava apenas 5% na pesquisa Ibope —enquanto Rodrigues marcava 39% e tinha como rival direto o deputado federal José Priante (MDB-PA). Eguchi foi crescendo nas pesquisas, mas mesmo na véspera da disputa tudo indicava que a disputa entre um político ligado à família Barbalho e a esquerda iria se repetir. Um dia antes, do pleito, o delegado ainda aparecia em terceiro lugar, com 13% das intenções de votos. Sua ida para o segundo turno pegou muitos de surpresa.

Eguchi era filiado ao PSL e tentou sem êxito se eleger deputado federal em 2018. Hoje filiado ao Patriota, buscou se diferenciar de seus rivais a partir do discurso do “novo” na política, sempre ressaltando não pertencer a nenhuma família de políticos do Pará. Prevaleceu um forte discurso anti-corrupção e punitivista, o que acabou deixando suas propostas para a cidade em segundo plano, que acabou não prevalecendo.

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