EUA afirmam que Rússia e Irã tentaram manipular o resultado das eleições de 2020

by @prflavionunes

Donald Trump e Vladimir Putin em uma foto de arquivo de 2019.
Donald Trump e Vladimir Putin em uma foto de arquivo de 2019.Susan Walsh / AP

Tanto a Rússia quanto o Irã procuraram influenciar o resultado das últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos, segundo um relatório publicado na terça-feira pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, que conclui que, apesar dessa tentativa, a espionagem norte-americana não encontrou nenhuma prova de que alguma figura de peso estrangeira conseguiu mudar o rumo da votação ou perturbar o processo eleitoral manipulando tecnicamente o registro para poder votar, falsificando o voto, a apuração ou a informação dos resultados, conforme informa, entre outros veículos de comunicação, a agência de notícias Associated Press (AP).

Trata-se de um documento que reúne a maior descrição da ampla gama de ameaças estrangeiras sofridas pelas eleições anteriores, que incluem operações de influência russa que o corpo de inteligência afirma terem sido autorizadas pelo presidente russo, Vladimir Putin, bem como o empenho do Irã em minar a confiança no processo eleitoral para prejudicar as possibilidades de reeleição de Donald Trump, sempre segundo a AP.

O relatório confirma o que a seção de cibersegurança do Departamento de Segurança Interna afirmou no dia seguinte às eleições presidenciais de 3 de novembro: “Não temos nenhuma prova de que um inimigo estrangeiro seja capaz de impedir que os norte-americanos votem ou alterem o resultado das urnas”. No entanto, e de acordo com o documento de inteligência, os adversários dos EUA, neste caso Rússia e Irã, se dedicaram a “espalhar declarações falsas ou exageradas que garantiam que, supostamente, os sistemas de votação não eram confiáveis, o que enfraqueceu a confiança do público no processo e no resultado”.

Enquanto a Rússia apoiou a reeleição do ex-presidente Trump ―tentando enlamear a candidatura e o nome de Joe Biden―, o Irã se opôs ao ex-presidente republicano. As tentativas de Moscou foram se tornando cada vez mais evidentes à medida que a campanha eleitoral avançava. Um elemento-chave dos ataques russos contra o democrata Biden se centrava nas falsas alegações de que o ex-vice-presidente de Barack Obama, enquanto estava no poder, tentou destituir um juiz ucraniano com a intenção de que seu filho, Hunter Biden, não fosse investigado. Durante algum tempo, Hunter foi membro do conselho de administração da empresa de gás ucraniana Burisma.

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O relatório cita especificamente Andrii Derkach, um político ucraniano, que agiu em nome de Putin para tentar desacreditar o candidato Biden. Durante a campanha, Derkach se reuniu com Rudy Giuliani, o controvertido advogado pessoal de Trump, para influenciar em favor de seu chefe na eleição. “A Rússia levou a cabo uma operação de inteligência bem-sucedida que penetrou no círculo mais íntimo do presidente”, disse na terça-feira o presidente do comitê de inteligência da Câmara, o deputado Adam Schiff. Segundo o democrata, o dossiê do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional confirma que os agentes russos “se dedicaram a inocular desinformação em nosso sistema político com a intenção última de denegrir o agora presidente Biden e prejudicar sua candidatura”.

Outro dos destaques do documento da espionagem dos EUA é que a influência da Rússia no processo eleitoral de 2020 não foi tão ampla quanto a que ocorreu em 2016, quando hackers a serviço do Kremlin acessaram os computadores do Partido Democrata e colocaram à disposição do público e-mails que prejudicaram gravemente a campanha da candidata democrata Hillary Clinton. “Ao contrário de 2016, desta vez não encontramos nenhuma tentativa cibernética de penetrar nas infraestruturas eleitorais”, afirma o documento.

Em relação ao Irã, o relatório descreve como a república islâmica realizou “uma vasta campanha encoberta de influência” com o objetivo de desestabilizar as eleições. O documento cita que os esforços do Irã estavam destinados a “minar as possibilidades de reeleição de Trump ―embora o fizesse sem promover de forma direta seus adversários―, prejudicar a confiança dos cidadãos no processo eleitoral e nas instituições norte-americanas, semear divisão e exacerbar as tensões sociais dentro dos Estados Unidos”.

É claro que a China tem uma menção no relatório do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, mas em um contexto muito diferente daquele da Rússia ou do Irã. “Constatamos que a China não desenvolveu nenhuma interferência e, embora tenha considerado, não fez nenhum esforço para mudar o resultado das eleições presidenciais”, conclui o dossiê.

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