Madri confirma quatro casos da variante do coronavírus encontrada no Reino Unido

by @prflavionunes

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Foram confirmados pelo menos quatro casos em Madri da nova variante do coronavírus encontrada no Reino Unido, e há outros três suspeitos cujas amostras estão sendo analisadas. Os resultados serão conhecidos entre terça e quarta-feira. Antonio Zapatero, vice-secretário de Saúde e coordenador do plano de combate à covid-19, confirmou as novas infecções do que o Governo britânico chama de VUI (de variant under investigation, “variante sob investigação”). “Os pacientes não apresentam gravidade, sabemos que esta nova cepa é mais transmissível, mas não agrava a doença”, disse Zapatero.

Três dos casos são o pai, a mãe e a irmã de um jovem que chegou quinta-feira do Reino Unido, em avião, deu positivo no teste de antígeno e foi isolado. “No dia seguinte, esses três familiares foram ao pronto-socorro de um hospital com sintomas e foi colhido material para o PCR, com o qual se sequenciou o genoma e se confirmou que era a variante”, explicou Zapatero, assinalando que em relação ao jovem em questão, vindo do Reino Unido, “há a suspeita, mas não se pode confirmar [que seja a nova variante] por não haver material genético para fazer o sequenciamento”. O quarto caso, acrescentou, “é o de outro jovem que foi a um hospital diferente e se suspeitou porque vinha do Reino Unido, então foi feito um PCR especial e o sequenciamento do vírus”. Esse jovem aterrissou em Madri no domingo passado. Com base nesses casos, a Direção Geral de Saúde Pública enviou na quarta-feira um alerta a todos os centros de saúde da região, informou o vice-secretário.

“Não há motivo para nervosismo. A transmissibilidade é maior, sim, mas a gravidade não”, reiterou Zapatero. “É preciso ter cuidado, assim como antes.” Os cientistas ainda estão pesquisando a virulência desta nova variante do vírus, que presumem que já tenha se espalhado por toda a Europa. Foi detectada no final de setembro por cientistas britânicos em dois pacientes. Esta versão do SARS-CoV-2 acumula 17 mutações diferentes em sua sequência genética, um número surpreendentemente alto. Oito dessas mudanças estão na proteína S, a parte fundamental do novo coronavírus, que lhe permite entrar nas células humanas e iniciar a infecção.

O Governo britânico afirma que embora haja muita incerteza a respeito, a nova variante pode ser até 70% mais contagiosa do que as versões anteriores. Em cerca de duas semanas devem ser publicados os resultados de um estudo-chave realizado em culturas celulares, que indicará se a nova variante se replica mais rápido do que as anteriores. Até então, não será possível saber se a expansão acelerada desta nova versão do vírus no Reino Unido se deve a mudanças genéticas ou simplesmente ao acaso, ajudado por medidas frouxas de controle. “O Reino Unido tem se caracterizado por suas medidas pouco estritas, e isso, em parte, poderia explicar a maior disseminação observada”, afirmou ao EL PAÍS Fernando González Candelas, pesquisador da Fundação Fisabio e membro do grupo espanhol que analisa genomas do SARS-CoV-2. Os pesquisadores estão estudando a verdadeira importância dessas mutações, e acreditam que as vacinas estão preparadas para enfrentá-las.

A vacinação

Após o início simbólico da campanha de vacinação neste domingo, a Comunidade de Madri receberá todas as segundas-feiras, durante três meses, 50 bandejas com 975 doses da vacina da Pfizer: 48.750 semanais, num total de 585.000 vacinas. Serão vacinados primeiro os moradores e funcionários de asilos; em seguida, os profissionais de saúde da linha de frente, tanto da rede pública como da particular; depois deles, o restante do pessoal de saúde e assistência social e por último, completando os quatro grupos que já foram definidos, as pessoas com deficiência que precisam de medidas intensivas de apoio, os chamados grandes dependentes.

Madri inicia a vacinação neste domingo pelos residentes e funcionários do centro Azaleas (no bairro de Ciudad Lineal), do Parque Almansa de Ballesol (na área de Moncloa-Aravaca) e do lar de idosos Vallecas, da Agência Madrilenha de Assistência Social (pública). “É uma amostra testemunhal [de 1.200 doses] com a qual começaremos”, confirmou Ruiz Escudero em entrevista coletiva.

Desde 12 de dezembro, Madri registrou 12.585 novos casos e 2.413 internações nos hospitais da região, 252 destas em UTIs. Nos últimos 14 dias, 207 pessoas morreram nesses hospitais por complicações da covid-19, 43 em UTIs. A situação favorável que a Comunidade de Madri mantinha desde que foi atingido o pico da segunda onda, entre o fim de setembro e o início de outubro, vem se revertendo há três semanas.

A região registrou em 9 de dezembro seu número mais baixo de incidências acumuladas por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias: 190. Desde então, essa curva ― não a mais sólida, mas uma das mais usadas para observar a evolução da epidemia ― mudou de direção. Neste sábado, esse número “é de 333”, embora “haja uma queda que é normal em feriados”, afirmou o secretário de Saúde, Enrique Ruiz Escudero, em entrevista coletiva. Há 1.729 pacientes internados nos hospitais, 296 deles em UTIs. O secretário diz que os números das últimas semanas mantêm as autoridades “em alerta” e que, “mais do que nunca”, é preciso insistir na “responsabilidade, responsabilidade e responsabilidade”.

Segundo o último boletim epidemiológico, publicado a cada terça-feira, há um grupo populacional que já supera a incidência acumulada de 400 casos: as mulheres entre 15 e 24 anos, que registram 408 casos, com 1.329 contágios notificados nos últimos 14 dias. Nessa mesa faixa etária, os homens também se aproximam desse índice: com 1.237 casos, têm uma incidência de 372. “Não podemos baixar a guarda, senão pagaremos por isso nos próximos meses”, enfatizou Ruiz Escudero.

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