Mídia espalha fake news sobre médico defensor da cloroquina: “Nunca mudamos de ideia”

by @prflavionunes

Se você digitar neste exato momento o nome de “Didier Raoult” no Google, considerado um dos maiores médicos infectologistas do mundo, verá diversas manchetes dizendo que ele teria mudado de ideia sobre o uso da cloroquina no tratamento contra o Covid-19.

“Médico defensor da cloroquina admite que medicamento não reduz mortalidade da Covid-19”, dizem as manchetes. Mídias como a Istoé, Metrópoles, Época, Correio e tantas outras espalharam a informação que… foi NEGADA pelo próprio Didier Raoult horas atrás.

Didier, que além de professor de medicina é diretor do l’IHU Méditerranée Infection, um centro de referência de infectologia na França, desmentiu a informação de que a cloroquina (associada à azitromicina) não teria eficácia contra o coronavírus e, pelo contrário, reafirmou a sua posição citando um estudo publicado em 24 de dezembro no periódico científico Taylor & Francis.

A eficácia do HCQ + AZ na redução da duração do transporte viral, demonstrada em nosso estudo IJAA, foi confirmada, com subsequente demonstração de eficácia na [redução da] mortalidade. Nunca mudamos de ideia”, escreveu o especialista em sua rede social, onde possui quase 800 mil seguidores.

Médico Didier desmente fake news da mídia sobre a cloroquina.
Médico Didier Raoult desmente fake news da mídia sobre eficácia da cloroquina no tratamento contra o Covid-19. Reprodução: Twitter

Sobre o estudo citado por Didier (veja na íntegra aqui), assinado não apenas por ele, mas por diversos outros cientistas, como Matthieu Million, Pierre-André Jarrot, Laurence Camoin-Jau, Philippe Colson, etc. destacamos o seguinte trecho:

“Uma vez que CQ/HCQ [cloroquina e hidroxicloroquina] têm atividades imunomoduladoras bem caracterizadas, em particular propriedades anti-inflamatórias. O uso dessas drogas no tratamento de COVID-19 também foi sugerido para possivelmente proteger os pacientes da tempestade de citocinas que marca as formas mais graves de Doença COVID-19.”

E ainda: “No geral, os derivados de CQ foram benéficos e melhoraram a sobrevida na infecção por COVID-19. No entanto, é necessário um protocolo terapêutico padronizado com dosagem adequada (…) Recentemente, atualizamos esta meta-análise confirmando um efeito benéfico significativo sobre a mortalidade e a eliminação viral, incluindo dois grandes estudos observacionais dos EUA.”

Mídias brasileiras espalharam fake news sobre Didier Raoult.
Mídias brasileiras espalharam fake news sobre Didier Raoult. Reprodução: Google

Fake news proposital?

Nas matérias citadas acima, podemos observar que tais mídias se basearam na matéria publicada originalmente pelo jornal Le Figaro. Fomos conferir e vimos que o próprio jornal cita Yanis Roussel, responsável pela publicação original (aqui) da equipe de Didier, a qual foi interpretada [de forma errada] como uma mudança de posição. Veja o que disse Yanis:

Quem usa esta publicação para fazer de conta que Didier Raoult mudou de opinião sabe muito bem que não é isso que está escrito ali. Mais uma vez, mostram má fé na luta política que lideram, sabe Deus por quê, há um ano.

Figaro cita até mesmo um bioestatístico, chamado David Hajage, do Hospital La Pitié Salpêtrière, que é CONTRA o uso da cloroquina contra o Covid-19, para reforçar que ele também reconhece que a publicação de Didier não é contra o medicamento.

“Didier Raoult não conclui, nem admite a ineficácia de sua associação”, disse David, segundo o jornal. De fato, ao ler a publicação atualizada da equipe de Didier não encontramos qualquer afirmação objetiva sobre a suposta ineficácia da cloroquina. A impressão que temos é a de que os mesmos se referiram a dados comparativos.

Em todo caso, o fato é que o próprio Didier negou ter mudado de posição, confirmando assim que a maior parte da grande mídia espalhou fake news a seu respeito. Ora, a pergunta que fica agora é: por que a imprensa “profissional” não citou Yanis Roussel, como fez o Le Figaro, fonte da matéria original?

É óbvio que os “jornalistas” profissionais tiveram acesso ao mesmo conteúdo que tivemos, o que sugere que eles resolveram ocultar a informação completa, a fim de parecer uma coisa, quando a realidade é outra. Má fé, ativismo, ideologia e interesses. Mas, por quê? Tire suas conclusões. Veja também:

Mais de 100 médicos apontam erros em estudo que condenou o uso da cloroquina

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