Palmeiras coroa uma temporada de sonhos com o bi da Libertadores e heróis inimagináveis

by @prflavionunes

Até o começo de novembro, o mineiro Breno Lopes nem sonhava em disputar uma final no Maracanã. Ainda vestia a camisa do Juventude, artilheiro do time na segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Até a última terça-feira, ele não havia marcado sequer um gol pelo Palmeiras, que o comprou por 7,5 milhões de reais. Depois de desencantar contra o Vasco, tampouco poderia cogitar que seria o grande protagonista do bicampeonato palmeirense na Copa Libertadores da América. “Não imaginava que isso aconteceria isso na minha vida. Eu estava na Série B e agora sou o herói do título”, reconheceu o atacante de 24 anos, com um misto de encanto e espanto, após a vitória de 1 a 0 sobre o Santos.

Mas antes da consagração inesperada, o Maracanã, que recebeu quase 3.000 torcedores e convidados —aglomerados em um setor da arquibancada, em que pese o agravamento da pandemia de coronavírus no país—, viu um jogo morno. Fazia 35 °C no Rio de Janeiro, e as duas equipes, sentindo o calor, se acomodaram em um duelo truncado no primeiro tempo. Pouca coisa mudou na etapa final e, quando a partida já se encaminhava para a prorrogação, a temperatura esquentou à beira do campo.

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Elogiado pela façanha de levar o Santos à final da Libertadores, o técnico Cuca, já nos acréscimos, resolveu pegar a bola que saiu pela lateral. Acabou se enroscando com o lateral Marcos Rocha e, por interferir no jogo, levou cartão vermelho do árbitro argentino Patricio Loustau. Enquanto o treinador deixava o gramado pulando no meio da torcida santista, os ânimos ainda estavam acirrados entre os jogadores, que trocavam xingamentos e empurrões durante a confusão.

De certa forma, o alvoroço quebrou o clima de conformismo com o empate. Logo que a partida recomeçou, Rony, contratação mais cara do time nesta temporada, recebeu pela direita e cruzou com precisão no segundo pau. Breno Lopes, que havia entrado aos 39 minutos, cabeceou firme no canto, aos 53, sem chances para o goleiro John. Não bastasse o gol heroico de um reserva na única finalização certa do Palmeiras, o roteiro da conquista ainda reservou a assistência para um jogador que, diante da escassez de gols e boas atuações, chegou a ser desacreditado por parte da torcida. “Falei pra minha família: ‘Eu vou calar a boca de todo mundo’. Aqueles que torceram contra, eu só lamento. Espero a cada dia mais fazer história com essa camisa”, desabafou Rony, que terminou a competição com oito assistências e como artilheiro do time.

A afirmação dos dois heróis improváveis do Palmeiras coincidiu com a chegada de Abel Ferreira, que foi apresentado no clube apenas 12 dias antes da incorporação de Breno Lopes. O técnico português assumiu o time classificado para as oitavas da Libertadores, substituindo Vanderlei Luxemburgo. Com Abel, o alviverde, de grandes investimentos em medalhões como Luiz Adriano, Gustavo Gómez, Matías Viña, Felipe Melo e o próprio Rony, enfim, passou confiança aos torcedores. Superou Delfín e Libertad até encontrar o River Plate na semifinal. Mesmo jogando fora de casa, o Palmeiras impôs um lendário 3 a 0 na Argentina. A derrota por 2 a 0 na volta não foi capaz de apagar o simbolismo do enorme triunfo sobre a equipe de Marcelo Gallardo.

Antes da final contra o Santos, a convicção de Abel previu o cenário do jogo de poucas oportunidades no Maracanã: “As finais foram feitas para se ganhar”. E assim, com uma estratégia pragmática, defesa segura e persistência, ganhou o primeiro título de sua carreira com o Palmeiras. Logo uma Libertadores… Aos prantos, o técnico se permitiu despejar a emoção que tanto controlou nos últimos dias. Nos próximos, seu time ainda pode conquistar o tão sonhado Mundial (com chancela da FIFA), a Copa do Brasil (contra o Grêmio) e, inclusive, o Brasileirão, em que ainda tem chances de título. A estrela de protagonistas inimagináveis é o prenúncio perfeito para o desfecho de uma temporada de sonhos.

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