Há algumas noites, pouco antes de dormir, vi no Twitter um vídeo que dizia: “Umberto Eco, procurando um livro em sua biblioteca pessoal. Impressionante!”. A câmera acompanhava bem de perto as costas do escritor, que percorria a passos largos um apartamento labiríntico tão cheio de livros que beirava a síndrome de Diógenes. Era um vídeo um pouco pretensioso, mas enternecedor. As paredes forradas de volumes eram como uma muralha, transformavam a residência em um castelo; e se alguém vive entrincheirado em um castelo é porque teme alguma coisa. Na lucidez nua da madrugada vi claramente do que Eco queria proteger-se: da dor do mundo, da falta de sentido da vida. Em suma, da morte. Igual a todos. Porque tudo o que nós, humanos, fazemos, em última instância, fazemos contra a morte. Comovida, escrevi: “E para que serviu tudo isso? Também morreu. Lembro-me da grande Simone de Beauvoir dizendo em um de seus livros de memórias: o que mais me tortura são todos aqueles livros que li, tudo que aprendi, que desaparecerá no nada. Assim é”.
@prflavionunes
🔥Pastor, Mestre em Ensino à Distância, Doutor em Teologia, Pregador da Palavra, Reitor do ITG e Presidente da OTPB. Casado com @tatiane_marlen .🇧🇷🇺 https://institutogamaliel.com/