Trump recua e sanciona plano de estímulo após bloqueá-lo durante vários dias

by @prflavionunes

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

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Após passar vários dias ameaçando não sancionar o colossal projeto de lei que destina 900 bilhões de dólares (4,7 trilhões de reais) em ajudas a famílias e empresas, o ainda presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou neste domingo e decidiu estampar sua assinatura neste novo pacote de resgate econômico, aprovado no Congresso com amplo apoio bipartidário, logo antes que se esgotasse o prazo.

Em nota, Trump declarou que sancionaria a legislação “com uma mensagem taxativa deixando claro ao Congresso que os pontos da lei que representam um esbanjamento precisam ser retirados”. Na tarde de domingo, pelo Twitter, o republicano ―que deixa o cargo no próximo dia 20― já havia prometido “boas notícias” sobre o grande plano de ajuda, que chegou a qualificar de “vergonha”. Em um primeiro momento, o presidente não deu mais detalhes, enquanto milhões de norte-americanos estavam na expectativa de que expirasse um prazo para a aprovação de leis orçamentárias, o que poderia levar a uma paralisação momentânea do Governo federal a partir da noite de segunda-feira. Dessa forma, funcionários públicos ficariam sem receber salários, e os desempregados perderiam acesso a seus benefícios.

Fontes citadas pela imprensa norte-americana declaravam que ao longo de toda a semana, enquanto descansava em sua residência de Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente foi continuamente mudando de opinião sobre assinar ou não o projeto de lei. Segundo estas mesmas fontes, não se sabe o que fez o mandatário mudar de opinião na última hora deste domingo. Mas o fato é que esteve sob forte pressão dos republicanos para que cedesse. “Acho que, quando deixar o cargo, ele quer ser lembrado por defender benefícios mais altos, mas o perigo é que seja lembrado pelo caos, a miséria e o comportamento errático”, afirmou o senador republicano Pat Toomey numa entrevista ao canal Fox

O texto afinal sancionado por Trump inclui ajudas econômicas de até 600 dólares (3.130 reais) em função da renda do destinatário, e um bônus por desemprego de até 300 dólares por semana, assim como uma verba de 284 bilhões de dólares para que as empresas e negócios afetados pela crise da pandemia possam fazer frente aos aluguéis e aos gastos com folha de pagamentos.

O projeto aprovado na segunda-feira passada, um calhamaço de 5.593 páginas, prevê 900 bilhões de dólares em ajudas urgentes a famílias e empresas golpeadas pelos efeitos da crise sanitária, além de garantir o financiamento do Governo até o mês de setembro, e acarreta um desembolso total de 2,3 trilhões de dólares. O projeto de lei contou com um amplo apoio dos dois partidos no Capitólio. Passou na Câmara de Representantes (deputados) por 359 x 53 votos, e no Senado, de maioria republicana, por 92 x 6.

Durante todo o transcurso das negociações, Trump se manteve em silêncio, alheio à crise que o país vive. Neste domingo, às 19h40 (hora da Costa Leste, 21h40 em Brasília), o ainda presidente sancionava o monumental pacote de ajuda. Se o não tivesse chancelado a lei, o Governo entraria na fase de shut down, ou seja, literalmente fecharia as portas por causa da inação do dignitário.

A semana foi uma autêntica montanha russa, algo a que a nação já se acostumou sob o atual presidente. No dia seguinte à esmagadora aprovação parlamentar do pacote, Trump divulgou um vídeo pedindo ao Congresso que emendasse o projeto e aumentasse “os ridiculamente baixos 600 dólares para 2.000, ou 4.000 dólares por casal”, em referência ao dinheiro que milhões de norte-americanos deveriam receber em conceito de ajuda contra a pandemia. “Peço também ao Congresso que se desfaça imediatamente dos elementos esbanjadores e desnecessários desta legislação, e que me envie um projeto de lei apropriado, ou se não a próxima Administração terá que aprovar um pacote de alívio pela covid, e possivelmente essa Administração serei eu”, disse Trump, em um vídeo de 35 segundos, no qual, além de lançar um desafio à lei, continuava se mostrando alheio à realidade de que perdeu as eleições, pois deixava clara sua esperança de permanecer na Casa Branca depois de 20 de janeiro, negando-se a admitir a derrota sofrida nas urnas em 3 de novembro e no Colégio Eleitoral em 20 de dezembro diante do democrata Joe Biden.

Além do caos que significaria o fechamento do Governo a partir da madrugada desta terça, mais de 14 milhões de pessoas não teriam podido receber o seguro-desemprego, e nenhum cheque com subsídios foi despachado. Não sancionar a lei também significaria congelar o novo dinheiro aprovado para a distribuição das vacinas contra o coronavírus, as companhias aéreas, as pequenas empresas e as ajudas às escolas, entre outras coisas.

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