Poucos alunos, novos hábitos e protesto de professores: veja como foi 1º dia de retorno de aulas em Manaus – G1

by @prflavionunes

Alunos têm que higienizar mãos e passar por aferição de temperatura antes de entrar nas escolas. — Foto: Divulgação/Secom

Alunos têm que higienizar mãos e passar por aferição de temperatura antes de entrar nas escolas. — Foto: Divulgação/Secom

Nesta segunda-feira (10), 123 escolas da rede estadual de ensino retomaram as aulas presenciais em Manaus e devem receber cerca de 55 mil estudantes. Outros 55 mil alunos devem retornar às escolas na terça-feira (11), já que a capacidade determinada para as salas é de 50%, com ensino híbrido – presencial e online ao mesmo tempo.

Após exatos 146 dias com as aulas suspensas por conta da pandemia de Covid-19, o Amazonas foi o primeiro Estado do País a retomar as aulas na rede pública e o ‘primeiro dia’ de retorno nas escolas teve baixa adesão dos estudantes, novos hábitos para enfrentar e protesto de professores contra o retorno.

Agora, segundo o Governo do Amazonas, o procedimento de entrada nas escolas inclui: aferição de temperatura, higienização dos sapatos, em um tapete sanitizante, e das mãos, junto ao totem de álcool em gel. As medidas visam evitar a disseminação do novo coronavírus, que já infectou mais de 106 mil pessoas em todo o Estado.

Iniciando o dia, um grupo de professores fixou cruzes em um ato de protesto contra o retorno das aulas presenciais. O ato aconteceu na rotatória do Produtor, na Avenida Autaz Mirim, Zona Leste de Manaus.

Professores fixam cruzes em protesto contra retorno das aulas presenciais em Manaus. — Foto: Eliana Nascimento/G1 AM

Professores fixam cruzes em protesto contra retorno das aulas presenciais em Manaus. — Foto: Eliana Nascimento/G1 AM

Dezenas de cruzes foram colocadas no gramado da rotatória como forma de representação pelas mortes causadas pela Covid-19. Além das cruzes, uma placa com a frase “Escola fechada, vidas preservadas” foi estendida no local.

A professora Vanessa Antunes, membro do Sindicato dos Trabalhadores de Educação do Amazonas (Sinteam), disse que representantes da categoria percorreram cinco escolas pela manhã, na Zona Leste, e constataram baixa adesão dos alunos. O Sindicato defende a manutenção das aulas remotas no sistema.

“Nós vimos nas escolas que conseguimos visitar, agora de manhã, um índice muito baixo de alunos, com turmas de 6 a no máximo 13 alunos. Eles reportaram que os familiares não se sentem seguros, porque uma grande parte vem de coletivo, de transporte público, então há essa insegurança”, contou.

Membro de sindicato diz que houve baixa adesão de estudantes no retorno às aulas no Amazonas. — Foto: Divulgação/Secom

Membro de sindicato diz que houve baixa adesão de estudantes no retorno às aulas no Amazonas. — Foto: Divulgação/Secom

No interior das unidades, os estudantes passaram a usar as carteiras sinalizadas, com distância de 1,5 metro umas das outras. O protocolo de distanciamento é obrigatório em todas as dependências da escola, inclusive banheiros. Porém, segundo Antunes, essa medida não é respeitada.

“No momento em que você virava, os alunos acabavam se abraçando, se aproximando. Você não pode impedir, eles são adolescentes, eles querem viver esse momento, então nosso papel é impedir que eles venham. A gente continua a defender que é um momento muito rápido, que não há necessidade de voltar agora e pode segurar mais um pouco”, declarou.

As escolas passaram por adequações referentes aos protocolos estipulados no Plano de Retorno às Atividades Presenciais da Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seduc), como a instalação de pias e dispositivos de álcool gel/sabonete e a sinalização dos ambientes comuns da unidade.

Pias e totens de álcool em gel foram instalados nas escolas. — Foto: Divulgação/Secom

Pias e totens de álcool em gel foram instalados nas escolas. — Foto: Divulgação/Secom

O documento, elaborado em conjunto com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), está disponível para consulta no site oficial da secretaria, pelo link: www.educacao.am.gov.br/plano-de-retorno-as-atividades-presenciais.

Ao G1, o coordenador de comunicação do Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom Sindical), Lambert Melo, informou que a entidade têm recebido diversas reclamações de professores sobre a situação e denunciou que a Seduc sempre foi negligente com a limpeza dos espaços escolares.

“Não há circulação no interior da sala de aula. Se tem lá o ar viciado dos aparelhos condicionadores de ar. Nós que somos da sala de aula sabemos que a secretaria de educação do Estado sempre foi negligente com os relação a limpeza dos condicionadores de ar. Nada garante que isso vai mudar agora”, protestou.

O retorno das aulas no interior do Amazonas segue sem previsão. As escolas particulares de Manaus foram as primeiras do País a reabrirem as portas e estão com as aulas presenciais desde o dia 6 de julho.

Mais de 100 mil alunos da rede pública de Manaus voltam às aulas nesta segunda

Mais de 100 mil alunos da rede pública de Manaus voltam às aulas nesta segunda

Secretário vê retorno ‘positivo’

O secretário de Estado de Educação, Luís Fabian Barbosa, disse em entrevista à Rede Amazônica que todas as medidas para o retorno das aulas foram adotadas com base em orientações da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM). Ele avaliou como positivo o primeiro dia de retorno das aulas presenciais.

“Podemos verificar que tanto alunos quanto os professores estão internalizando aos poucos os novos hábitos, os hábitos de higiene, de distanciamento e uso da máscara. Tivemos uma participação maciça, tanto de professores quanto estudantes”, disse.

A Seduc informou ao G1 que o levantamento consolidado da quantidade de alunos que voltaram às aulas nas escolas nesta segunda-feira só deverá ser divulgado na terça-feira (11).

Estudantes da rede estadual de ensino do Amazonas voltaram às aulas nesta segunda (10). — Foto: Divulgação/Secom

Estudantes da rede estadual de ensino do Amazonas voltaram às aulas nesta segunda (10). — Foto: Divulgação/Secom

O secretário rebateu denúncias das entidades que representam os professores e disse que todas as escolas foram readequadas para esse retorno. “Não faltou álcool em gel e nem máscara em nenhuma escola hoje e não irá faltar. Cada professor irá receber duas máscaras por turno”, disse.

Sobre a falta de circulação de ar nas salas de aula, Luís Fabian que, conforme protocolo da FVS, não há necessidade de deixar as portas e janelas abertas, exceto entre os intervalos das aulas. Segundo ele, todos os ar-condicionados foram sanitizados e eles devem limpos a cada um dia.

O secretário ressaltou que a testagem em massa de alunos ou professores não é uma estratégia recomendada pela FVS-AM, e um aplicativo irá notificar o órgão quando um alunos ou professor tentar entrar na escola com temperatura acima do permitido. De acordo com ele, uma investigação será movida pela FVS para identificar com quem o aluno teve contato, e será ofertado um teste molecular (RT-PCR), que identifica o vírus no organismo e detecta casos novos agudos entre o terceiro e o sexto dia de sintomas, período de transmissão da doença.

Seduc avalia retorno às aulas presenciais no AM

Seduc avalia retorno às aulas presenciais no AM

Volta às aulas tumultuada

Na semana passada, professores realizaram manifestações contra a volta às aulas e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam) também acionou a Justiça para barrar a volta. A entidade protocolou uma Ação Civil Pública pedindo a suspensão do plano de retomada, e defendendo a manutenção das teleaulas.

No entanto, na sexta-feira (7), a Justiça indeferiu o pedido e manteve o retorno dos estudantes. Na decisão, a juíza Etelvina Lobo Braga afirmou que, ao contrário do que o sindicato alegou, o Estado apresentou comprovação de que vem atuando para proporcionar segurança aos professores, alunos e demais trabalhadores.

A volta ocorre após a capital sofrer, entre os meses de abril e maio, com colapsos no sistema de saúde e no sistema funerário por conta da pandemia. Desde junho, o estado tem apresentado queda nos números da Covid-19 e flexibilizando a quarentena, com reabertura do comércio e espaços de lazer.

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